Chegou a hora de passar o bastão da rebeldia
Por: Beatriz Carvalho
Certos de que estamos por fim mais maduros, ser um Y (com todo peso que esse sobrenome carrega) não tem a mesma graça de antes. Não somos mais os novatos do departamento, nem somos mais tratados como uma nova espécie humana a ser estudada. É como a síndrome do ex-irmão caçula, que agora virou irmão do meio. Você ainda não tem a maturidade do mais velho, mas já não pode mais se comportar como o mais novo.
Antes tínhamos orgulho do nosso estilo “tolerância zero” com os maus chefes e as más empresas. Era tchau-beijo-não-me-liga. Éramos também pura ansiedade. Do emprego ideal, do reconhecimento merecido, do sucesso digno de uma capa de revista de negócios. Agora não sei bem o que somos, mas cá para nós, é bem engraçado notar a mesma semelhança nos mais novos.
“Ah, esses jovens de hoje em dia…”
De lá para cá (o que nem é tanto tempo assim), algumas ideias mudaram outras permanecem. Por exemplo, sempre defendi e ainda defendo a mudança de emprego no início de carreira, quantas vezes fosse preciso, até que se pudesse sentir que aquele era o caminho certo para encontrar sua vocação. É um mal necessário que evita a formação de profissionais insatisfeitos e incompetentes, enquanto eles ainda não tem contas a pagar e filhos para criar.
Continuo defendendo também a busca pela qualidade de vida, ou seja, mais equilíbrio entre horas trabalhadas e horas de lazer. Arrisco dizer que grande parte das empresas que retém seus funcionários além do horário comercial sofre de algum problema de gestão.
Mas em compensação, a geração Y errou feio algumas vezes por não saber admitir sua imaturidade. Batíamos de frente com argumentos ainda pouco estruturados, nos precipitávamos ao abandonar o barco sem antes saber criticar os próprios motivos e entender as consequências, e pior, enchíamos o peito de razão quando na verdade éramos sempre os mais prejudicados. Nós definitivamente não soubemos escolher a batalha que gostaríamos de vencer. Era tudo ou nada.
Daqui para frente, o risco de ficarmos cada vez mais caretas é alto e isso assusta um pouco. Mas sinceramente nunca vai ser da mesma forma ou baseados nos mesmos critérios que a geração anterior. Se pararmos para analisar, é assim a cada mudança de geração. Há um período de ideias extremistas ligadas ao rompimento de antigos padrões, vem então aquela enxurrada de críticas sobre os malefícios daquele novo comportamento para a sociedade, mas no fim, a geração seguinte sempre absorve um conceito mais ameno de todo o ideal criado.
E é nessa impermanência emocionante que a sociedade evolui e nos proporciona lembranças boas que servirão de histórias para contar aos nossos netos.
Que venham os próximos rebeldes!
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