De olho nos altos índices de inadimplência no país, empregadores buscam formas de ajudar seus funcionários. Conheça a história da Stefanini
As companhias estão cada vez mais interessadas na saúde financeira dos seus colaboradores, e não é à toa. De acordo com uma pesquisa realizada recentemente pelo ADP Research Institute com 7 000 pessoas em 13 países, cerca de 90% dos funcionários preferem trabalhar para uma empresa que se preocupa com as suas finanças. No Brasil, a iniciativa é ainda mais importante, já que mais de 40% da população adulta está inadimplente, segundo informações divulgadas pelo Serasa Experian.
Veja o caso da multinacional brasileira Stefanini, que atualmente tem 13 500 empregados. Atenta aos pedidos dos colaboradores por empréstimos, a empresa começou a oferecer crédito consignado há cinco anos. “Mais do que nunca, temos ciência de que a vida pessoal do funcionário influencia o lado profissional. Cabe a nós identificar as maiores dificuldades de cada um e dar as soluções”, explica Paulo Guimarães, coordenador do departamento de recursos humanos da empresa.
Nessa modalidade, o profissional pode colocar seu salário como garantia para conseguir condições melhores e prazos maiores para pagar suas dívidas. Dessa forma, ele pode arcar com as contas sem antecipar férias, 13º ou pedir adiantamento salarial.
“Vimos a necessidade de procurar formas para que o funcionário se endivide o mínimo possível e garantir que ele pague menos juros, uma vez que as taxas de mercado são mais elevadas em outras modalidades, como cheque especial e cartão de crédito”, afirma Guimarães. Desde que o benefício começou a ser oferecido, 20% do quadro de funcionários já solicitou um empréstimo consignado, o que mostra o potencial da modalidade para a saúde financeira dos profissionais.
Outro ponto crucial na busca de mais soluções financeiras para seus profissionais foi a parceria com a Creditas, principal plataforma de empréstimo com garantia do país. Isso porque a empresa sempre preza por oferecer as melhores condições financeiras para seus colaboradores. E, nessa procura, encontrou na fintech um serviço diferenciado e atendimento personalizado.
No mercado desde 2016, a fintech oferece uma opção sem custo para o colaborador e garante que as parcelas se adaptem a seu orçamento mensal. Elas nunca ultrapassam 30% do salário para que ele possa equilibrar suas finanças e evitar contrair novas dívidas. “O atendimento também é uma vantagem, pois visa responder a todos os nossos funcionários por diversos canais, seja por telefone, e-mail ou WhatsApp”, explica Guimarães.
Outro ponto positivo é que, além de evitar que o colaborador contraia dívidas com juros altos, como no cheque especial ou no cartão de crédito, o crédito consignado da Creditas permite que o profissional troque dívidas caras por dívidas baratas. Com juros baixos, é possível tomar um empréstimo para quitar financiamentos de taxas altas e ficar com apenas uma dívida que cabe no orçamento.
“Cerca de 40% dos nossos funcionários que tomam empréstimo consignado fazem isso com o objetivo de quitar um bem ou outro empréstimo que tem uma taxa mais alta”, explica.
Assim, além de a empresa ajudar o colaborador a ter uma saúde financeira mais equilibrada, ela também pode aumentar os níveis de produtividade e aprimorar a gestão de talentos do negócio. “Com taxas de juros mais baixas e, consequentemente, um menor endividamento do funcionário, tendemos a reter mais profissionais na nossa empresa”, diz Guimarães.
De olho na saúde financeira
Além da Stefanini, outros players do mercado já avaliam os impactos da inadimplência na produtividade dos colaboradores. “As companhias já perceberam que funcionários endividados e inadimplentes têm o desempenho, a produtividade e o comportamento impactados por essa situação. Então, muitas já entenderam a importância de estar atenta à saúde financeira deles”, afirma Patricia Palomo, economista e diretora de investimentos.
Mas, para identificar o problema, é preciso acompanhar de perto o “caixa” dos colaboradores. Para Mariane Guerra, vice-presidente de recursos humanos da ADP para a América Latina, existem alguns sinais fáceis de perceber. “O endividamento pode causar problemas como ansiedade, hostilidade e até depressão”, explica.
Patricia concorda: “Quanto mais endividado, maior o desconforto do inadimplente, que experimenta sentimentos ruins, como irritação, infelicidade, queda na autoestima e outros fatores que impactam a produtividade no trabalho, como insônia, nervosismo e aumento da agressividade, chegando, em alguns casos, a ocorrerem agressões verbais e físicas”, justifica.
Para Mariane, da ADP, esse quadro pode gerar diversos impactos na vida profissional e, consequentemente, para a empresa, tais como aumento da sinistralidade do seguro saúde, queda na produtividade, impacto negativo no engajamento, na motivação e até mesmo no clima da equipe. “Todas essas consequências se traduzem em custos diretos ou indiretos para a organização. Muitas vezes, eles não estão evidentes quando analisados separadamente. Mas, quando somados, podem ter um valor financeiro relevante”, explica.
“É por isso que benefícios que apoiem o colaborador a sanar seus problemas de endividamento certamente são uma tendência”, completa Mariane. Prova disso é que 96% dos profissionais de RH acreditam que os colaboradores com mais dificuldades em administrar suas próprias finanças são menos produtivos – sendo que metade deles já realizou ações voltadas à educação financeira e viu resultados. É o que revela uma pesquisa feita pela Unicamp em parceria com o Instituto Axxus para a Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin).
Patricia conta que percebeu uma busca maior das áreas responsáveis pela gestão de pessoas por formas de benefícios que auxiliem os colaboradores a tomarem decisões financeiras melhores. E o crédito consignado é uma opção.
“Pode ser uma forma de auxiliar no processo de voltar ao equilíbrio financeiro do funcionário inadimplente. A possibilidade de trocar uma dívida mais cara e descontrolada por um crédito consignado com taxas mais saudáveis e dentro de um planejamento financeiro sustentável pode fazer muita diferença para que o profissional consiga sair dessa difícil situação”, explica.
Ela destaca também outras soluções que podem ajudar. Muitas companhias procuram e divulgam fontes de informações isentas, dão treinamentos e workshops com especialistas para trazer conceitos como educação financeira e planejamento para reduzir os casos de desorganização do orçamento e a inadimplência no quadro de funcionários. É o caso da Stefanini, que, além de oferecer o crédito consignado como solução, organiza palestras, treinamentos e materiais de apoio sobre educação financeira para as equipes. “Algumas empresas contratam até consultoria especializada para acompanhar os casos mais comprometidos e que já requerem ajuda profissional para serem resolvidos”, finaliza Patricia.
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