Banalização do uso da sigla MBA prolifera pelo país; aprenda como não cair nesta estratégia duvidosa (em alguns casos)
Por: Talita Abrantes
Decidir fazer um MBA no Brasil pode até ter um custo benefício mais interessante do que apostar em um curso no exterior. Mas, por incrível que pareça, o processo para escolher o programa mais coerente com as suas aspirações profissionais tende a ser mais difícil por aqui.
Enquanto nos Estados Unidos e Europa, rankings e órgãos de certificação norteiam o mercado dos programas de MBA, por aqui, este aparato ainda está dando seus primeiros passos.
“No Brasil, a sigla não é regulamentada, por isso há muitos cursos picaretas”, afirma Renato Casagrande, coach educacional e diretor executivo da Alleanza Brasil.
E a qualidade do ensino não é a única questão. “Há muito curso bom que se intitula MBA, mas que na verdade é um master”, diz Armando Dal Colletto, diretor executivo da Anamba e diretor acadêmico da Business School São Paulo.
Mas como separar joio do trigo? Como descobrir se o curso, de fato, é um MBA ou se a sigla não passa de uma estratégia de marketing? Confira:
O curso não é abrangente
Não quer mesmo comprar gato por lebre? Em outros termos, fazer um curso qualquer de especialização com o nome de MBA? Verifique se o currículo, de maneira interdisciplinar, aborda diferentes temas.
“Se existir uma carga excessiva de um tema específico, é um master, não um MBA”, afirma Dal Colletto. “Não se iluda, não há curso que faça de tudo. Se não te oferecer uma abrangência de temas ou ter uma carga horária muito leve, você até pode receber um certificado bonito para a parede, mas não terá a formação”.
Ninguém conhece a escola
O folder de divulgação da escola até pode ser encantador. Mas investigue: ela também é cheia de encantos para o mercado? Avaliar a reputação que a escola tem perante as empresas da sua área de atuação e para o mundo dos negócios em geral é essencial na hora de tomar sua decisão.
“Conta muito o nome da instituição e o conceito que ela tem na área que você atua”, diz Casagrande. “A escola é o sobrenome que você vai colocar no seu currículo”.
Para responder a esta questão, investigue a opinião dos seus colegas de trabalho sobre a instituição em questão, converse com ex-alunos (e tente descobrir a valorização do passe deles pós-MBA) e veja se o curso tem certificações que assegurem a sua qualidade – se ele não tiver, busque as notas do curso de graduação da instituição junto ao MEC.
O currículo dos professores é vago
Na balança, coloque também o currículo dos professores do programa de MBA. “Eles têm que ser ótimos profissionais nas áreas que ensinam”, afirma Dal Colletto.
Isso significa que para ser um bom professor de MBA não basta ter um currículo acadêmico (e teórico) de tirar o fôlego. É preciso ter experiência no mercado de trabalho também. “O professor e a disciplina que ele leciona precisam ter aderência”, diz Casagrande.
“Disciplinas profissionais devem ser ministradas por profissionais professores, que atuam no mercado, mas que dão aula”, explica.
Não há critérios para a seleção dos alunos
Se a única seleção do MBA for pagar a matrícula e ter a mensalidade em dia, sinal vermelho. “Se é um curso de especialização, precisa de um critério básico para que os alunos tenham uma formação equivalente. Se não tiver, há muito desnivelamento”, diz Casagrande.
Isso sem contar a diminuição das chances de networking realmente relevante. “Se alguém aceitar você, sem conversar com você, sai fora”, afirma Dal Colletto.
O curso é estático
É essencial que as disciplinas e os conceitos lecionados no curso de MBA sejam dinâmicos. Em outros termos, mudem de acordo com as demandas da sociedade.
“Se for muito parecido com o que é oferecido em qualquer graduação de administração, cuidado”, diz o especialista da Anamba. “O curso precisa de desafios e experiências. Você tem que suar a camisa e ficar contente com isso”.
A dica para checar se o que a escola vende na propaganda é realmente verdade é simples: basta pedir para participar de algumas aulas – antes de fazer a matrícula, claro.
A escola não tem um pé no exterior (nem no mercado)
Os contatos que a instituição tem fora do país também são bons indicadores do que o curso pode proporcionar a você. A presença de professores estrangeiros no corpo docente (ou pelo menos, em alguns momentos do curso), a possibilidade de intercâmbio em instituições estrangeiras e a presença de alunos de outros países na sala de aula são bons sinais.
Mas não é só isso. A presença do mercado dentro da sala de aula também é essencial. Palestras com profissionais especialistas em determinadas áreas, visitas técnicas às empresas (e não ao show room delas), entre outros, são essenciais para a formação de um aluno de MBA.
Trabalho de conclusão de curso? O que é isso?
Coloque na berlinda também o trabalho de conclusão de curso. Se a exigência é por um trabalho acadêmico, atenção. “Observe se este trabalho é prático, se pode ser aplicado ao seu contexto profissional e que resultados vai gerar”, aconselha Casagrande. “Os alunos, geralmente, trabalham. Vão gastar horas e horas em um projeto acadêmico apenas para ter uma nota?”.
O número de alunos na sala assusta
Ao contrário do que reza o senso comum, uma turma pequena em um programa de MBA pode ser uma desvantagem. “Na pós, o professor não é dono da verdade”, afirma Casagrande. “A troca entre os colegas é fundamental”.
Por outro lado, uma turma grande também não é o melhor dos mundos já que afasta alunos do professor. O ideal, segundo o especialista, é procurar um meio termo. “Uma classe de 35 a 50 alunos seria o ideal”, opina.
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