Por: Claudia Gasparini
Uma relação próxima e cordial com o seu gestor pode ser um “ingrediente mágico” para a sua produtividade e bem-estar no trabalho.
Não que você precise ser íntimo do seu chefe para ser feliz profissionalmente, observa Jill Geisler, autora do livro “Como se tornar um ótimo chefe” (Editora Sextante) e professora na Loyola University Chicago.
Virar amigo do gestor, na verdade, pode ser um pouco complicado. “A amizade pode levar a uma lealdade incondicional”, afirma a especialista. “O chefe não pode ser guiado por esse sentimento, porque a sua primeira obrigação é cuidar do sucesso da empresa”.
Em termos práticos: se você não entregou uma tarefa a tempo ou precisa de um feedback negativo, o seu líder não deve calar uma palavra dura em nome do afeto que tem por você.
Afinal, chefes “bonzinhos” demais, já disse Jill a EXAME.com, são um perigo para o desempenho e até para a motivação de seus funcionários.
Mesmo assim, é perfeitamente possível e aconselhável ter uma relação amistosa com essa figura.
“Ainda que a sua prioridade seja garantir o bem do negócio, o líder pode ser atencioso e carinhoso, isto é, ter todas as características de um amigo, exceto a parte que compromete o profissionalismo da situação”, diz a professora.
Proximidade real
A cultura informal e “simpática” do brasileiro pode sugerir que, por aqui, a relação entre chefes e funcionários é mais próxima do que em outros países. Mas não é bem assim, diz João Marcelo Furlan, diretor da Enora Leaders.
“É verdade que o nosso mundo corporativo tem menos hierarquia e uma comunicação mais coloquial”, afirma o especialista. “Mas nada disso quer dizer que o brasileiro tenha mais proximidade ou cumplicidade com o seu gestor”.
Afinal, de que adianta conversar com o seu chefe num tom brincalhão e descontraído, mas não ter abertura suficiente com ele para falar sobre assuntos polêmicos, como um pedido de aumento?
O ideal, diz Furlan, é ter uma relação de parceria, em que liberdade, confiança e respeito mútuo se estabelecem de forma consistente entre as duas partes – sem falsas intimidades ou artificialismos.
Mas como construir uma relação nessas bases? Veja a seguir alguns conselhos dos especialistas para chegar lá:
1. Aprenda a ver o mundo pelos olhos dele
A vida de um chefe pode ser muito difícil e solitária. Para se aproximar, Furlan sugere um exercício de empatia. “Tente imaginar as pressões a que ele é submetido na empresa e mostre que você entende como é difícil tomar certas decisões”, diz ele.
2. Descubra seus modelos
Outra dica é perguntar quem foi o melhor gestor que ele já teve na vida. “Ouça bem, porque isso vai mostrar quem ele gostaria de ser”, diz Jill. Essa é uma forma de conhecê-lo mais de perto e compreender ainda mais quais são suas aspirações e referências.
3. Ofereça ajuda
Chefes estão longe de ser super-heróis. Segundo Jill, é importante conhecer as fraquezas do seu gestor e tentar preencher lacunas dele com o seu talento. “Se você está sempre lá para ajudá-lo, de forma leal e consistente, a relação de vocês vai melhorar cada vez mais”, completa Furlan.
4. Conheça suas paixões
Seu gestor adora viajar para lugares exóticos? É um aficionado por jazz? Conhecer interesses do seu chefe fora do trabalho pode construir uma ponte entre vocês, de acordo com Jill. “Ter esse tipo de informação ajuda até a encontrar metáforas extraídas de algum desses hobbies quando vocês estiverem conversando sobre o trabalho”, observa a professora.
5. Tome providências após um feedback
Segundo Furlan, é essencial levar em consideração os feedbacks do seu chefe sobre o seu trabalho, mesmo que você não esteja inteiramente de acordo com eles. Se ele pensa que você ignora o que ele diz, aumentam as chances de ele se afastar e criar resistências.
6. Não invista tempo em fofoca
Pela sua posição na hierarquia, o chefe costuma ser o alvo mais fácil para comentários a boca miúda. Se você quer ter uma relação de parceria com ele, a dica é se abster dessa prática. “Uma hora ou outra isso chegará até ele, e ele vai acabar se afastando de você”, explica Furlan. No lugar da fofoca, é melhor oferecer feedbacks frontalmente – sempre de forma clara, objetiva e cuidadosa.
7. Seja espontâneo
Para estabelecer uma relação de confiança, o conselho de Furlan é apostar numa comunicação transparente. “Tudo o que diz respeito a você e a ele profissionalmente deve ser colocado na mesa”, afirma. “Essa sinceridade completa é rara e pode aprofundar muito a relação entre vocês”.
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