Por: Claudia Gasparini
As mulheres já conquistaram seu espaço no ambiente de trabalho há muito tempo. Mas algumas situações do dia a dia mostram que, embora enfraquecido, o machismo ainda sobrevive nos detalhes.
É o que sustenta Sofia Esteves, presidente e fundadora do Grupo DMRH. “A discriminação ainda aparece sobretudo em ambientes mais formais, em que a hierarquia cumpre um papel central na rotina da empresa”, diz a executiva.
A boa notícia, segundo Sofia, é que esse tipo de postura está se tornando inviável num mundo cada vez mais exigente por resultados.
Ela explica que, além da evolução cultural trazida pelas últimas décadas, a própria pressão por produtividade tira a atenção sobre o gênero do profissional. “Homem? Mulher? No fim, o importante é a entrega”, afirma.
Ainda assim, resquícios do machismo são perceptíveis em alguns ambientes. Veja a seguir alguns exemplos trazidos pela executiva:
1. Mais “patrulha” sobre a vida pessoal
Segundo Sofia, presta-se mais atenção ao horário de saída da mulher, e frases como “Puxa, já vai?” surgem com mais frequência. Isso porque as pessoas observam, julgam e comentam mais a intimidade dela.
O mesmo vale para encontros sociais como os happy hours, dominados pelos homens e pelas mulheres mais jovens, na opinião da executiva. “Se uma colaboradora mais velha resolve tomar cerveja com o grupo depois do expediente, isso certamente será notado pelos colegas”, afirma.
2. Descrédito quando se expressa emoção
“Culpar a TPM sempre é o caminho mais fácil para não ouvir a mulher”, diz Sofia. Rotulada como emotiva ou passional demais, a mulher pode ser desconsiderada por suas opiniões ou reações no ambiente de trabalho.
Pelo mesmo motivo, é muito comum confundir assertividade com agressividade. “Mulheres que expõem seus pontos de vista com firmeza são taxadas de intransigentes ou difíceis”, comenta a executiva.
3. Maior exigência por comprometimento
Embora a pressão por resultados exista para todos, a mulher frequentemente se sente mais compelida a ter um bom desempenho e provar suas competências.
“Elas geralmente são mais aplicadas, minuciosas e preocupadas com os prazos, o que advém tanto de expectativas próprias quanto do ambiente externo”, diz Sofia.
4. Linguagem mais contida
De acordo com Sofia, profissionais do gênero feminino geralmente são mais ponderadas ao assumir posições no trabalho.
“Elas pensam bem mais antes de fazer afirmações categóricas”, afirma a executiva. Assim, expressões como “eu acho” e “talvez” aparecem mais vezes na fala da mulher.
5. Elogios “paternalistas”
É claro que ser cumprimentado por uma tarefa bem executada satisfaz qualquer pessoa. O problema, para Sofia, é quando há uma ironia sutil nos parabéns.
“Em alguns casos, é perceptível a insinuação de que o ‘projeto bem-feitinho’ é assim graças ao capricho da mulher e não à sua competência”, diz a executiva.
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