Por: Claudia Gasparini
Das diversas fantasias que funcionários alimentam sobre seus chefes, uma é muito comum: a de que ele é o único responsável por orientar, administrar e avaliar o seu trabalho.
Contudo, o poder, segundo o fundador da escola Cultman, Rogério Boeira, pode e deve ser compartilhado. “Um profissional que não depende do chefe para tudo ganha em produtividade e eficiência”, afirma ele.
Segundo Boeira, o esforço em delegar tarefas e descentralizar ao máximo a gestão, ligado ao conceito de ‘empowerment’, é uma tendência em diversas empresas pelo mundo.
“Ganha-se muito com isso, porque o profissional é visto como adulto, e acaba trabalhando de forma mais responsável e madura”, explica ele.
Ao invés da tradicional relação de obediência que há entre patrão e empregado, surge uma dinâmica semelhante à que existe entre cliente e fornecedor: o que faz a roda girar é o compromisso com a qualidade do serviço, não a hierarquia.
No Brasil, a mentalidade do empoderamento ainda engatinha. Segundo Boeira, o motivo é cultural, devido à tradição de microgerenciamento e desejo de controle. “Infelizmente, a maioria das nossas empresas ainda é bastante centralizadora e burocrática”, afirma ele.
Mesmo assim, Boeira defende a iniciativa do profissional que queira se tornar seu próprio gestor – mesmo tendo, de acordo com o organograma, uma pessoa acima dele que cumpra essa função.
O profissional capaz de assumir a responsabilidade por si mesmo poupa recursos da empresa e, por isso, será cada vez mais valorizado e disputado pelo mercado de trabalho.
“Os melhores empregadores sabem reconhecer essas pessoas e certamente deverão recompensá-las com boas oportunidades”, assegura ele.
A seguir, veja quatro passos para atingir esse nível de autonomia e se diferenciar:
1. Saiba muito bem o que esperam de você
Para começar, você precisa conhecer a fundo as características do seu empregador e as particularidades do serviço que você deve prestar a ele.
Você precisa ter consciência sobre as expectativas básicas que existem sobre você – para não precisar ser lembrado constantemente por alguém a respeito delas.
2. Conheça os possíveis efeitos das suas falhas
É decisivo, sobretudo, saber precisamente quais possíveis erros seus seriam tolerados, e quais seriam inadmissíveis.
Você também precisa saber quantificar riscos e oportunidades envolvidos no seu trabalho. Qual é custo para empresa dos seus erros? E o potencial de retorno dos seus acertos? Essas variáveis precisam ser estudadas no seu processo de autogestão.
3. Estabeleça uma relação de equilíbrio com o seu chefe de fato
É bom não confundir empoderamento com independência absoluta da estrutura. Você não tem obrigação de só entregar a solução pronta para o seu chefe: é permitido apresentar dúvidas, questionamentos ou mesmo problemas para ele.
O ideal é estabelecer um meio termo entre o microgerenciamento, situação em que você pergunta tudo para o seu superior, e uma espécie de “voo livre”, em que você não pergunta nada. Precisa haver troca entre você e o seu chefe, baseada em confiança mútua.
4. Faça autoavaliações constantes
Para consolidar sua autonomia, é importante ter um olhar crítico para o seu próprio trabalho. Uma ideia é manter um diário dos insights e lições do seu dia a dia no escritório.
Isso porque analisar os desafios que se apresentarem, bem como as soluções encontradas, ajuda a sistematizar o seu desenvolvimento. O objetivo que você precisa perseguir é aprender sozinho, continuamente.
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