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Lar, doce e protegido lar

por: Afonso Bazolli
em: Fraude
fonte: Valor Econômico
20 de março de 2016 - 14:03

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Por: Thais Folego

A casa própria é um dos maiores sonhos de consumo dos brasileiros. Uma vez conquistado, porém, as pessoas não costumam contratar seguro para ela, como normalmente fazem com o carro. Estimativas apontam que apenas 10% das residências brasileiras têm seguro. O que muitas delas talvez não saibam é que a cobertura é relativamente barata, custando em média 0,05% do valor do imóvel.

O seguro residencial tem coberturas básicas e complementares, além de diversas assistências que variam entre as seguradoras e o tipo de plano que é contratado. As coberturas básicas são para incêndio, explosão e queda de raio. Já as complementares vão desde roubo e furto de bens até danos elétricos, passando por danos a terceiros – para o caso de o seu cachorro morder uma pessoa que está passando na rua, por exemplo.

O valor contratado e a escolha das coberturas e assistências ficam a cargo do cliente. Quanto maior o valor das coberturas e o número de assistências, maior o valor da apólice. Por isso é preciso saber quais são as necessidades e riscos a que a residência está exposta. As seguradoras costumam já ter seguros de prateleira com as coberturas e assistências mais usadas “empacotadas”, mas é possível modificá-las. Os sites de corretores de seguros on-line ajudam bastante nessa tarefa.

“O componente das assistências é muito forte no seguro residencial, podendo chegar a responder por 50% de seu valor. Tem seguradora que oferece até técnico de computação”, diz Nicholas Weiser, presidente da VIS Corretora. Segundo ele, cerca de 20 seguradoras atuam fortemente no ramo.

Apesar de a principal cobertura ser de incêndio, o item que mais costuma ser usado no seguro de residência é mesmo o das assistências. As seguradoras costumam ser criativas nesse quesito, mas as mais comuns são de chaveiro, eletricista, encanador e vidraceiro. Há até quem ofereça serviço para o animal de estimação. Em planos premium, há reparo para linha branca.

Se colocado na ponta do lápis o custo da contratação individual desses serviços, o valor do seguro pode ser compensado usando algumas dessas assistências por ano. Segundo Jarbas Medeiros, gerente de ramos elementares da Porto Seguro, os clientes usam as assistências de seu seguro em média três vezes ao ano.

“Embora incêndio, que é a principal cobertura, seja pouco frequente, quando acontece é muito severo. O fogo pode consumir um bem que levou a economia de uma vida inteira”, diz o gerente da Porto Seguro, seguradora que tem 30% do mercado de apólices residenciais.

Segundo ele, as principais causas de incêndio em residências são curto-circuito, explosão de botijão de gás e queda de balão. Em casos de incêndios severos, em que a casa precisa ser desocupada para a reforma, o seguro paga um valor para que a família alugue outro imóvel ou fique hospedada em um hotel, diz Medeiros. Essa é uma das coberturas adicionais da apólice.

A cobertura complementar mais usada, porém, é a de danos elétricos, que cobre problemas em aparelhos eletrônicos e instalações elétricas causados por curto-circuito, variação de tensão da rede elétrica e queda de raio.

“Acontece muito de a energia acabar e quando ela volta dá uma sobrecarga e queima televisão, geladeira e outros aparelhos. É uma cobertura recomendável, ainda mais com esse futuro que se desenha de problema de falta de energia no país”, afirma Almir Ximenes Filho, superintendente-executivo da Bradesco Seguros. “O Brasil é campeão em queda de raios, o que causa a queima de aparelhos eletrônicos”, complementa Medeiros, da Porto Seguro.

No caso de responsabilidade civil familiar, a apólice cobre danos causados a terceiros dentro da residência e, em alguns casos, até fora dela. Entre os exemplos, destacam-se: o cachorro morder uma pessoa na rua, uma visita cair dentro da residência e quebrar uma perna ou um vaso cair da sacada e machucar alguém. “São riscos inerentes à residência”, diz Ximenes Filho, da Bradesco Seguros.

Em alguns casos, a cobertura vai além da residência. A Porto Seguro, por exemplo, indenizou recentemente o prejuízo causado por uma criança que derrubou uma cristaleira em uma loja de um shopping center.

Um dos grandes mitos do seguro residencial é o preço. As pessoas costumam fazer a relação com o valor do seguro de automóvel, que pode custar por ano até 10% do valor do veículo. “Enquanto o custo médio do seguro de carro gira em torno de R$ 1,6 mil, o de residência é de R$ 300″, diz Weiser, da VIS Corretora.

Na SulAmérica, apenas 10% dos clientes que têm seguro de automóvel também contratam a apólice para a casa. “Pesquisas indicam que o brasileiro faz mais seguro pelo risco, e não pela segurança. Como se tem mais notícias de colisão e furto de carros do que de pessoas que tiveram a casa incendiada, elas contratam mais o primeiro”, diz Eduardo Dal Ri, diretor de seguros massificados da SulAmérica.

Com tantas coberturas e assistências, é preciso avaliar quais são realmente adequadas para o seu tipo de residência. Isso evita que se pague por coberturas desnecessárias. A começar pela de incêndio. A maior parte das pessoas contrata cobertura para o valor de mercado do imóvel, quando o correto seria calcular o custo de reconstrução do imóvel e de reposição de seu conteúdo (móveis, eletrodomésticos e equipamentos eletrônicos).

“Essa é uma dúvida que as pessoas têm e que pode tornar o seguro mais caro para coberturas que não vai usar”, diz Ximenes Filho, da Bradesco Seguros. Segundo ele, um apartamento de 70 metros quadrados na Vila Madalena, em São Paulo, pode ter um valor de mercado alto, mas o seu valor de reconstrução no caso de um incêndio equivale ao de qualquer outro bairro. “O que muda é o tipo de construção e o conteúdo dentro da residência”, diz.

Segundo cálculos da SulAmérica, o valor médio de reconstrução pode variar de R$ 1,5 mil a R$ 5 mil por metro quadrado. Vai depender da estrutura e do tipo dos materiais de acabamento da residência, como piso e mármore. “É importante ser assessorado por um corretor para saber do que você precisa. As coberturas não podem ser compradas a esmo”, diz Dal Ri.

Por exemplo, não faz sentido contratar cobertura para impacto de veículos em um apartamento no décimo andar. “É uma cobertura que pode fazer sentido para uma casa que fique situada em uma avenida movimentada”, exemplifica o diretor da SulAmérica. Já para um condomínio perto de um aeroporto, segundo ele, faria sentido contratar cobertura para impacto de aeronave.

O fato de morar em casa ou apartamento é outro fator que deve ser considerado, diz Manes Erlichman, sócio e diretor da corretora Minuto Seguros. “Se o imóvel estiver em um condomínio fechado ou em uma rua aberta, isso afeta principalmente o quanto dever ser contratado para roubo e furto”, afirma. Outra diferença é se a pessoa vive no imóvel ou se ele é de veraneio. “A casa de férias passa mais tempo vazia, então tem mais propensão a ter problemas”, comenta o especialista.

De acordo com os últimos dados disponíveis, as seguradoras desembolsaram R$ 527 milhões em indenizações de seguros residenciais de janeiro a novembro do ano passado. Segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep), elas faturaram R$ 2 bilhões no período com esse tipo de apólice.

Por ordem de utilização, os itens mais acionados no seguro residencial são as assistências, danos elétricos e roubo ou furto, segundo o executivo da Porto Seguro. No caso de roubo, além de indenizar o custo do material furtado, as seguradoras costumam contratar vigilância até que a segurança da casa seja totalmente restabelecida, no caso de arrombamento de portas e portões, por exemplo. Há alguns itens, porém, que não são cobertos pelas apólices residenciais e que podem exigir um seguro a parte, como joias e obras de arte.

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