Pesquisa traça perfil das vítimas de violência na cidade de São Paulo. Crimes violentos diminuíram na cidade, mas fraudes eletrônicas aumentaram.
Pesquisa divulgada pelo Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), traça um perfil das vítimas de violência na cidade de São Paulo nos últimos dez anos e mostra que metade dos paulistanos já foi vítima de algum crime ou violência. Os crimes violentos diminuíram e os eletrônicos aumentaram.
O crescimento das fraudes com cartão de crédito, por exemplo, foi o que mais cresceu. O representante comercial, Nicolau Spohr, é uma dessas vítimas. Ao tentar usar o cartão de crédito, a operadora informou que o cartão tinha sido bloqueado. “Ele foi clonado e usado em compras no exterior. Gastaram R$ 1,4 mil”, relata.
De acordo com o estudo, os bandidos estão preferindo os crimes eletrônicos. “O criminoso está migrando de um roubo que envolve contato direto com a pessoa, mais risco de reação, mais risco de violência, para tipo de atividade criminosa que envolve menos contato e pode ser até mais lucrativa”, explica Naercio Menezes Filho, coordenador da pesquisa do Insper.
A fraude de cartão de crédito aumentou 327,5% nos últimos dez anos. O furto, quando o assaltante não entra em contato com a vítima, subiu 81,5%. Já o roubo onde o bandido aborda diretamente a vítima caiu 13,8%.
A impunidade para os crimes eletrônicos justifica esses números. “Os crimes na internet têm pena muito reduzida, por não envolver violência e contato direto com agressores. A pessoa que comete esse tipo de crime passa um, dois anos na cadeia ou nem vai para a cadeia”, afirma Naercio.
As entrevistas foram feitas de casa em casa, com quase 11 mil pessoas, ao longo de dez anos. A pesquisa não tomou como base os boletins de ocorrência registrados. Assim, mesmo quem não informou à policia de que foi vítima de crime entrou na estatística. Segundo os pesquisadores, isso torna o resultado mais confiável.
Para os pesquisadores, apesar dos números mostrarem queda, a sensação de insegurança pode ser explicada pelo trauma da vítima. “Praticamente metade dos paulistanos já sofreu roubo e muitas vezes em situação traumática. Então, ele carrega isso para o resto da vida. Só uma nova geração, crescendo em ambiente mais seguro, é que vai ter sensação de segurança”, opina Naercio.
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