Por: Felipe Marques
O HSBC Brasil encerrou 2015 com prejuízo líquido de R$ 753,4 milhões, perda 37,2% superior à registrada no ano anterior (R$ 549,1 milhões). A unidade brasileira do banco britânico, comprada no ano passado pelo Bradesco, teve um aumento expressivo em suas perdas com crédito em 2015, o que ofuscou o avanço de sua receita de prestação de serviços e o crescimento de seu portfólio de empréstimos.
O prejuízo foi concentrado no segundo semestre, o que acabou revertendo o lucro obtido nos primeiros seis meses do ano. Entre julho e dezembro, o resultado líquido do banco foi negativo em R$ 785,2 bilhões. A negociação com o Bradesco foi fechada em agosto do ano passado.
Os números constam no demonstrativo de resultados do HSBC para o ano passado, em padrão contábil brasileiro.
O Bradesco ainda aguarda a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para finalizar a compra, que vai lhe custar US$ 5,2 bilhões. De acordo com nota no balanço do HSBC, a expectativa do banco britânico é que a autorização seja dada no segundo trimestre deste ano.
Apenas a título de exercício, a soma dos ativos totais no fim de 2015 do HSBC com os do Bradesco ainda não é suficiente para ultrapassar o Itaú Unibanco, maior banco privado do país. Juntos, os dois bancos têm R$ 1,255 bilhão em ativos. Já o banco controlado por Roberto Setubal terminou o ano passado com R$ 1,359 bilhão.
As despesas de provisão para devedores duvidosos do HSBC cresceram 41% em 2015, para R$ 4,4 bilhões. O aumento foi superior à média dos cinco maiores bancos de varejo, que tiveram um gasto 27,9% superior no ano passado em relação a 2014. O estoque de crédito do banco cresceu 7,8% no mesmo período, para R$ 71,29 bilhões.
A base de depósitos do HSBC encolheu 6,4% no período, para R$ 30,22 bilhões. Houve saídas nos recursos em depósitos à vista (o dinheiro das contas correntes), que recuaram 17,2%, e da caderneta de poupança, que caíram 16,9%. Já os depósitos a prazo (que inclui os recursos dos CDBs) cresceram 7,9%.
No balanço do HSBC também chama atenção o crescimento das receitas com prestação de serviços, que aumentaram 36% em comparação a 2014, somando R$ 1,5 bilhão. Houve um salto na linha chamada “serviços prestados a ligadas”, que saiu de R$ 161 milhões em 2014 para R$ 537,7 milhões em 2015. Questionado, o HSBC não respondeu o que essa rubrica engloba e nem comentou os demais números de seus resultados de 2015.
Reportagem do Valor publicada no começo de março mostrou o avanço dos demais bancos sobre a base de clientes de alta renda do HSBC enquanto o Cade não dá seu aval para a aquisição pelo Bradesco.
Na área de fundos, por exemplo, o banco teve um resgate líquido de R$ 15,7 bilhões no ano passado, o equivalente a 19% do patrimônio total. O Banco Central (BC) já aprovou a compra, mas o Cade tem pedido mais informações sobre o caso, tanto para os dois bancos como para os concorrentes, o que tem feito a análise levar mais tempo que o originalmemte esperado.
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