Por: Felipe Marques
Para o banco francês BNP Paribas, 2015 foi um bom ano. No rastro da saída do HSBC do país e da redução de tamanho por que passa o BTG Pactual, a instituição financeira viu oportunidade para crescer. Apesar de ainda estar longe do tamanho dos grandes bancos locais, a unidade brasileira do BNP encerrou 2015 com um lucro líquido de R$ 298,8 milhões, ante R$ 109,6 milhões em 2014. Os ativos totais da instituição cresceram 47,4%, somando R$ 47,2 bilhões.
“Apesar da conjuntura, tivemos um ano muito bom no Brasil. Talvez os problemas do BTG tenham nos ajudado, a mudança na liderança do HSBC ajudou, mas gostamos de acredita que a qualidade de nossa plataforma também ajudou”, disse Jacques d’Estais, responsável pela área de serviços financeiros internacionais do BNP.
Em agosto do ano passado, o Bradesco foi o vencedor de uma concorrência pelos ativos do HSBC no Brasil, se comprometendo a pagar a US$ 5,2 bilhões pela operação. A compra, porém, aguarda a aprovação da autoridade concorrencial brasileira (Cade), o que tem aberto espaço para avanço da concorrência sobre os clientes do HSBC.
É dessa demora que se beneficia o BNP. “A mudança de controle do HSBC nos favorece. Nos tornamos uma opção atraente para os clientes internacionais do HSBC que precisam de um banco internacional para suas operações financeiras”, afirmou d’Estais. O banco francês também levou alguns clientes, em especial na área de gestão de recursos, que deixaram o BTG Pactual em meio aos problemas de liquidez pelo qual passou após a prisão de seu então controlador em novembro.
Apesar do crescimento do banco no país no ano passado, o comando do BNP deixa claro que o momento é de cautela. Na medida em que o risco de operar no Brasil aumentou, o banco também reforçou exigência de garantias em operações e aumentou as margens cobradas. “Houve um importante aumento de preços nas operações no Brasil, mesmo para bons nomes. Com a perda do grau de investimento soberano, mesmo boas empresas que operam no país passaram a pagar mais caro”, afirma Sandrine Ferdane, presidente do BNP Paribas no Brasil.
A perda do grau de investimento do Brasil pelas principais agências internacionais de classificação de risco em 2015 obrigou o banco a alocar mais capital na matriz para a operação brasileira, já que ela passou a ser comparativamente mais arriscada. Nas contas de Sandrine, uma mesma operação após a perda do grau de investimento exige entre 50% a 70% mais capital do que antes. Para mitigar o efeito, o banco pede mais garantias. A desvalorização do real ajudou a compensar esse efeito. “Se você quiser manter a rentabilidade de seu capital, com a piora dos ratings, as margens precisam subir.”
Para 2016, o banco ainda vê espaço para avançar. “Não estou certa que 2016 vai ser pior que o ano passado. Vai ser um ano difícil, mas pelo menos todo o mercado está consciente do risco. No começo de 2015, havia um otimismo que não se concretizou”, diz Sandrine. As despesas com provisão para calotes cresceram 16% em 2015, puxadas pela provisão com fianças e avais.
A carteira de crédito do banco encerrou o ano passado em R$ 4,6 bilhões, com crescimento de 56%. Esse crescimento é explicado pela participação do banco em projetos de financiamento de energias renováveis e em operações de aquisição feitas por companhias francesas, como L’Oreal e Edenred.
CADASTRE-SE no Blog Televendas & Cobrança e receba semanalmente por e-mail nosso Newsletter com os principais artigos, vagas, notícias do mercado, além de concorrer a prêmios mensais.