Cesce e Coface trazem ao país sistema que mostra a clientes riscos de parceiros

Por: Flávia Furlan

Seguradoras que atuam com apólices de crédito no Brasil estão trazendo para o país ferramentas que permitem que elas atuem como intermediários na prospecção de novos clientes, e de qualidade, para seus segurados. A espanhola Cesce — que tem como acionistas o banco Santander, o grupo global de serviços financeiros BBVA e a resseguradora Munich Re — planeja lançar o sistema em meados deste ano, enquanto a francesa Coface — controlada pelo banco Natixis — avançará em seu projeto sobre o tema em 2013, mas acredita que não conseguirá implantá-lo neste ano.

“Será uma ferramenta de mapeamento de mercado que funciona muito bem na Europa”, afirma Daniel Nobre, diretor comercial da Coface. “Estamos estudando a melhor forma de oferecer isso no Brasil, o que está no nosso pipeline de desenvolvimento de produtos”, destaca — muito semelhante ao cadastro positivo que os bancos usam para selecionar clientes.

O seguro de crédito consiste em indenizar os contratantes em caso de calote de seus clientes. Os sistemas a serem implementados podem ajudar as companhias seguradas a escolherem melhor para quem vão vender seus produtos e serviços, já que concedem dados sobre frequência de pagamento, o que se torna ainda mais interessante em um momento de desaceleração econômica, quando a incidência de inadimplência sobe.

Os sistemas podem identificar qual o segmento em que o cliente da seguradora atua e localizar as empresas com afinidade de negócios e que podem ser potenciais parceiros, com bom grau de risco para a operação. Neste procedimento, a seguradora ajudará no processo de internacionalização das companhias brasileiras, uma vez que disponibilizará dados para operações em outros países em que ela atua vendendo apólices de crédito. Antes de entrar no mercado, a empresa saberá o grau de risco do país e das companhias com as quais planeja fazer negócios.

Já a seguradora ganha fazendo a apólice para as novas operações da empresa cliente ou simplesmente vendendo o serviço de consulta de dados cadastrais de uma determinada companhia a outra, quando isso for solicitado. Um desafio para desenvolver esse tipo de serviço no Brasil, no entanto, é a lacuna de informações sobre pagamentos das companhias. O que se tem, normalmente, é o dado de que a empresa foi negativada, quando já foram esgotadas as possibilidades de negociação, mas não se tem dados de atrasos de pagamentos.

“O Brasil tem uma certa deficiência no acesso a informações financeiras de qualidade e isso vai melhorar com a penetração maior do seguro de crédito, que traz dados frequentes da carteira dos segurados e dos pagamentos de seus clientes”, afirma Nobre. “Quanto mais o mercado avança, maior a probabilidade de desenvolver uma ferramenta abrangente e realista.”

No Brasil, o mercado de seguro de crédito interno e para exportação atingiu R$ 333,6 milhões em prêmios emitidos entre janeiro e novembro do ano passado, alta de 44,5% frente a todo o ano de 2011, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep).

O índice de sinistralidade, que mede o total de indenizações sobre os prêmios emitidos, ficou em 31% no período, maior do que os 14% de 2011, por conta da deterioração do cenário econômico mundial. “No Brasil, são apenas 400 apólices de seguro de crédito”, afirma Álvaro Igrejas, diretor de Financial Lines da Willis Brasil. “A expectativa é de avanço desta carteira, pela incerteza do cenário econômico externo”, destaca o executivo.

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