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Contingência – Improviso Eficaz!

por: Erdel Santos
fonte: Redação
25 de janeiro de 2012 - 0:33 - atualizado em 26 de janeiro de 2012 às 15:51

Contingencia-Televendas-e-Cobranca

De alguma forma, nós já optamos conscientemente ou não, voluntária ou involuntariamente, por usar uma contingência. Mesmo aqueles que sequer ouviram falar no assunto, e ao lerem essas linhas estão com um ponto de interrogação em suas mentes, assim como eu fiquei na primeira vez que ouvi essa palavra sendo dita por um profissional da área de TI na década de 80. Creio que até a esses leitores, a contingência já alcançou de algum modo.

Segundo o Dicionário Priberam a  palavra: contingente

Adj:  Possível mas incerto.

Ainda segundo o mesmo Priberam a palavra: contingência
s. f.: Qualidade de contingente;  Fato possível, mas incerto; Possibilidade.

O Dicionário On Line de Português mostra como sinônimo de contingência: acaso, casualidade, eventualidade e possibilidade. (http://www.dicio.com.br)

Ou seja, se há algo que pode definir e dar um nome oficial para o “Plano B”, esse algo certamente tem essa diferente denominação pomposa: “contingência”.

Caso fosse uma música, na proposta da incerteza, observando significado etimológico, a Contingência poderia ser a musica de Chico Buarque de Holanda “O Que será que será…”

Exemplos que me fazem enxergar assim:

Antes de Paul R. Lawrence e Jay w. Lorsch concluírem em sua pesquisa que não há nada de absoluto nos princípios gerais da administração, criando assim a Teoria da Contingência, a história nos aponta alguns fatos a respeito do uso dela.

Em nome da Contingência e do juízo em 1.999, as empresas  “ajustaram” seus enormes Banco de Dados e verdadeiros arsenais de servidores e mainframe para a chegada apocalíptica do tão temido cavaleiro do “Bug do Milênio”. Com isso, garantiram quase um efeito zero de problema. Claro que, não estou contando a torcida e as velas acesas na noite 30 de dezembro de 1.999, por grande parte das pessoas elegíveis ao impacto do “Bug”. Nunca o mundo, que até então estava aprendendo a se globalizar, se sentiu tão intimamente próximo, igual e solidariamente impactado. Assim, também arrisco dizer que nunca o mundo se tornou tão devoto – seja qual fosse a religião – em uma noite fora da noite natalina! Orações, tantras, velas, rezas e um exército de “Contingente” pronto para o pior e esperando o relógio apontar 00:00hs de 01 de Janeiro de 2.000, com tensão a flor da pele… Resultado: nada aconteceu. Houve medo, tempo e planejamento. Não exatamente nessa ordem, mas excelentes ingredientes para montar uma Contingência Eficaz.

Em nome da Contingência também, quando o Império Romano descobriu que dominar o mundo conhecido em sua época, era uma tarefa árdua devido a extensão territorial, controles frágeis sobre rebeliões estruturadas e perigosos ataques dos bárbaros, germanos e outros, decidiu-se instituir Bizâncio (Constantinopla) assim como a já estabelecida Roma, para capitais de Controle Governamental. Assim, “os Cesares” ganharam sobrevida e mantiveram o Império por mais um tempo. O que Diocleciano, Teodósio e Constantino não sabiam é que uma ação definitiva, não pode ser considerada contingência, por que esta é temporária. Deve-se criar “corpo e estrutura quando há a decisão de manter uma Contingência como efetiva e não como temporária”. A ação deixa então de ser Contingência e passa a ser processo continuo.

Quanto aos nossos caros romanos, como diz o ditado contemporâneo: “…cachorro que tem 2 donos morre de fome….” O Império ruiu, conta-nos a história.  E acho que eles ainda não conheciam esse ditado, nem que Contingência é uma ação com prazo de validade, isto é: deve ter começo, meio e fim.

Como Contingência ainda, na segunda guerra mundial, Winston Churchill ficou conhecido, pelos seus discursos inflamados via rádio à população inglesa. Uma das convocações do Governo na época de Churchill foi que civis, e toda população ajudassem no socorro às vitimas após os devastadores ataques de caças alemães à ilha saxônica, chegando a pedir que donas de casa inglesas doassem panelas e objetos que continham alumínio, útil para a construção de aviões Spitfires e Hurricanes – da RAF (Força Aérea britânica). Neste caso não houve tempo, e o planejamento foi a toque de caixa com uma mistura sempre estimulante, de medo ou juízo – como o leitor preferir. A Contingência, neste caso tinha caráter temporal. Como sabemos, a Inglaterra resistiu bravamente sendo o “espinho na carne nazista” e Hitler não tomou chá no palácio de Buckingham sentado no trono da rainha e fumando o charuto de Churchill, como poderia ter imaginado.

A alavanca da Contingência é a certeza de que algo já deu errado ou está na eminência de dar. Entretanto, vale observar que a Contingência em si é incerta.  Sim, incerta por não sabermos se um dia a utilizaremos, nem temos garantia de que controlamos as múltiplas variáveis que estão envolta do seu possível uso.“O que será que será…”

Ter um “Plano B”, por imaginar a possibilidade de um impacto operacional, seja por qualidade dos recursos, de falta dos mesmos, de falibilidade de sistemas, de escassez de matéria prima, carência de infra estrutura, etc. Seja qual for o que possa impactar a continuidade do seu negócio, assegure-se de ter uma Contingência; com começo, meio e fim planejados; temporária, porém eficaz.

Os mais técnicos podem não gostar da opinião simples e pragmática, mas explicando a Contingência a alguém ouvi algo do qual concordo: Contingência pode ser considerada um improviso eficaz!

Conselho prático: hoje ao pegar seu veiculo e sair rumando para casa ou uma viagem de férias, garanta que uma contingência na qual as montadoras entenderam como padrão necessário para motoristas, esteja em ordem: o – único – pneu estepe do seu veiculo. Único, por que contingência é temporal, existe para desafogar uma situação e não para ser permanente.

Como a música do Chico Buarque diz na sua última rima: “…o que será que será… o que não tem juízo”. Tenha juízo! Tenha uma Contingência!

Erdel Santos

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Comentários (4)
  1. Erdel
    Instigante o que você escreve sobre contingência. A maioria das pessoas, nas quais me incluo, tem uma idéia equivocada sobre o que é contingencia. Eu tinha uma idéia, que acabou de ruir que, sendo algo casual, eventual e sem previsibilidade, contingência seria ficar esperando a fatalidade para depois ver o que acontecia.
    Mas seu artigo, muito didático , refere que uma empresa tem que ter um planejamento de riscos, para que seus negócios não sofram continuidade e voltem a funcionar o mais breve possível, evitando , pois, que uma paralisação prolongada gere danos de toda ordem. Entendi que o chamado Plano B , assegura que o processo de gestão da empresa não sofra alteração em seus processos vitais. Esse Plano seria como que tornar previsível o imprevisível?
    Interessante observar, que sendo minha atividade de uma área tão diferente da sua, pude estabelecer parâmetros que formam uma identidade com a exercida por você.
    Mais perguntas surgem sobre esse tema, que foi tão bem colocado na sua matéria .Imagino que se trabalha com muitas variáveis num plano de contingência. Como fazer uma previsão de riscos com vistas a um planejamento? Como se prevê custos? Como manter ativo esse plano de contingência, não deixando cair na inércia? Um plano dessa natureza deve manter uma constante atualização e um alerta para novos e futuros riscos?
    Ficou muito clara essa colocação que você fez : Contingência é uma ação com prazo de validade , isto é, ter começo, meio e fim. E numa empresa se trabalha com contingências e mais contingências….não é?
    Maria . A. Basso Morandi

    Maria A.B. Morandi em 31 de janeiro de 2012 - 20:06
    • Olá Maria Basso Morandi, agradeço suas pertinentes colocações e dúvidas.
      Fico feliz que o texto tenha em algo auxiliado a compreenção para um setor diferente do que o setor de serviços de Call Center. Isto só demonstra que o tema é muito mais abrangente do que as poucas linhas aqui dedicadas.

      Esclareço que devido alguns questionamentos, apontamentos, colocações que aguçaram pessoas a mim ligadas, colegas, leitores como voce, eu estou postando CONTINGENCIA Parte II.

      Com isso espero responder suas dúvidas, dentro do que conheço e daqueles que verbalmente, por emails ou telefone conversaram comigo sobre esse tema.

      Aguarde e continue nos visitando, que o texto em breve será postado aqui no site.

      Abçs,
      Erdel Santos

      Erdel Santos em 08 de fevereiro de 2012 - 20:24
  2. Ola Alexander, primeiramente obrigado por ler o artigo e pelo seu comentário.
    A idéia é realmente ser didático e abrangente, porém não simplista, para que haja interesse na leitura e possa agregar com conteudo prático à profissionais já com anos de estrada e para novos profissionais ou estudantes dos temas que postarei aqui.

    Sds,
    Erdel Santos

    Erdel Santos em 31 de janeiro de 2012 - 16:23
  3. Erdel, muito divertido seu post, principalmente em associar as mais diversas ‘coincidências históricas’ ao seu raciocínio.
    Quem faz parte de grandes companhias e interage com diversas áreas é irremediavelmente suscetível a ‘dar de cara’ com diversas situações como as descritas por você, onde ajustes urgentes foram tomados como soluções permanentes no decorrer do tempo, deixando vulnerável a área e/ou a atividade com tal “solução”. Contingência têm que ser contingência, ou seja, algo necessário e importante, porém temporário, urgente, não permanente. Parabéns!!

    Alexander Goes em 29 de janeiro de 2012 - 19:13

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