Por: Ana Luiza Mahlmeister
A administração de riscos é uma questão de competitividade e sobrevivência para as empresas de todos os portes e para os governos. Não se aceita mais a desculpa do “imprevisto” como causa do mau resultado operacional de uma organização.
Nos últimos anos houve um movimento entre empresas e instituições financeiras de revisão e reanálise de processos para obter maiores ganhos de eficiência, redução de custos e diminuição de riscos operacionais. “Essa revisão gerou demanda para melhorar a gestão operacional em todos os processos. Iniciaram-se grandes projetos de limpeza e integração e organização de dados para obter informações de maior qualidade de fontes internas e externas”, explica Ailton Nascimento, vice-presidente da Stefanini.
Para diminuir o risco no lançamento de novos produtos, por exemplo, as empresas investiram fortemente no mapeamento do consumo do cliente para oferecer o produto certo com maior grau de eficiência.
“A partir dessa limpeza de dados e reanálise de processos as empresas fizeram uma espécie de parada estratégica para repensar estratégias para o futuro, reorganizando seu dia a dia para remodelar seu negócio 100% voltado ao cliente”, afirma Ailton Nascimento.
Os chamados sistemas de “big data” relacionam toda a informação dentro e fora da organização, correlacionando e integrando os dados do cliente. Com a “limpeza” dos dados eliminam-se as redundâncias e há correlação das informações.
“Houve uma grande evolução nessa área com novas ferramentas de mercado que traçam um perfil de comportamento do cliente, padrões de consumo e localização, agregando inclusive análises das redes sociais”, afirma Nascimento.
O papel da consultoria é integrar essas bases de dados e mapear áreas com problemas. “Com informações e modelos estatísticos mais eficientes para o conhecimento dos clientes as instituições financeiras, por exemplo, conseguem menor nível de risco tornando sua carteira de crédito menos custosa para o banco”, explica Delfino Natal de Souza, vice-presidente para o setor público da Capgemini.
O conceito de gestão de risco nas empresas evoluiu para além da obrigatoriedade da regulamentação e conformidade com as normas como Sarbanes Oxley e Basileia. “Há um maior grau de consciência na alta gerência sobre a necessidade de contar com conselhos de gestão de risco. Essa consciência vem da necessidade de ter mais apoio na tomada de decisão de negócios.
As empresas buscam diminuir o nível de incerteza e ameaças com um bom mecanismo de gestão de risco. Quando bem usado dá maior previsibilidade ao processo de tomada de decisão”, afirma José Carlos Pinto, sócio da consultoria EY. A consultoria amplia a visão dos negócios ajudando no processo decisório e diminuindo o grau de incerteza e ameaças do mercado. “Metodologias e sistemas avançados ajudam a prever o futuro sem bola de cristal, apontando probabilidades em relação a determinado tema e medindo o grau de risco”, afirma Pinto.
Com negócios cada vez mais competitivos, a introdução crescente de novas tecnologias, a globalização, novos entrantes quebrando barreiras de mercado, obsolescência mais rápida de produtos e até de setores, além dos riscos macroeconômicos internos externos geram dúvidas e incertezas. “Muitos presidente de grandes empresas não tomam decisões sem consultar seu especialista de risco. Isso ajuda a calibrar o impacto daquela decisão e avaliar melhor as ameaças”, afirma Pinto. A gestão de risco é um processo contínuo de avaliação no dia a dia dos negócios e deve ser administrado por todos. “Não adianta contar com uma ferramenta de gestão se a percepção do risco não abarca da alta administração até a ponta, com responsabilidades muito bem mapeadas”, afirma.
Empresas de grande porte têm auditorias internas e externas, controladoria, áreas de gestão de risco, compliance, área financeira e ambiental, todas com algum nível de gestão de risco. “O trabalho da consultoria é integrar e unificar as diversas funções de gerenciamento para diminuir custos e permitir um olhar dos riscos e problemas de forma integrada”, explica Pinto. Muitas empresas têm duplicidade na execução de atividades, gerando ineficiência operacional. Um grande desafio é criar processos adequados para a priorização de riscos.
O gerenciamento de risco é uma combinação de processos, pessoas preparadas e ferramentas que alcançam toda a organização, além de um sistema de governança que abarca toda a empresa e que é eficiente em mapear os riscos. “Os três pilares para minimizar os riscos incluem uma camada de governança, a implantação de sistema de gestão de risco amplo que chega ao nível mais elevado da organização e contar com um bom conselho de administração”, diz Pinto.
Entre os riscos operacionais mais comuns nas empresas está o erro na contratação de pessoas. “Apesar de contar com um componente subjetivo é necessário ter também ferramentas que permitem a checagem de fontes de informação e busca de referência”, afirma Nascimento, da Stefanini. O risco de imagem também pode comprometer o atendimento ao cliente e tem um impacto muito grande sobre o negócio. Além do risco de análise de crédito mal feita que traz riscos operacionais. “Os processos devem ser muito bem analisados pela organização para garantir que seja feito com qualidade e de forma íntegra para evitar perdas”, completa.
CADASTRE-SE no Blog Televendas & Cobrança e receba semanalmente por e-mail nosso Newsletter com os principais artigos, vagas, notícias do mercado, além de concorrer a prêmios mensais.