Por: Vinícius Pinheiro

Com lucro e rentabilidade em queda, mas inadimplência e provisões contra calotes sob controle, o Banco Votorantim deve registrar os primeiros sinais de melhora nos resultados do segundo semestre deste ano. A afirmação é do presidente do banco, João Teixeira. “Ao longo do primeiro semestre nossas expectativas foram frustradas mês após mês. Agora, estamos vendo um aumento na demanda por crédito no varejo, e uma demanda de boa qualidade”, diz.

Controlado pelo Banco do Brasil e pela família Ermírio de Moraes, o Banco Votorantim registrou lucro líquido de R$ 108 milhões no segundo trimestre, queda de 26% em relação ao mesmo período do ano anterior. A rentabilidade sobre o patrimônio caiu de 7,7% para 5,4%, na mesma base de comparação.

O resultado é consequência da estratégia conservadora adotada pelo banco para preservar o balanço durante a crise, segundo Teixeira. A carteira de crédito do Votorantim fechou o segundo trimestre em R$ 66,7 bilhões, redução de 4% em relação a março deste ano e de 10,9% em 12 meses.

Para Teixeira, um reflexo positivo dessa estratégia foi o comportamento da inadimplência. O índice de atrasos acima de 90 dias na carteira do banco encerrou junho em 4,6%, estável em relação ao primeiro trimestre e uma queda de 0,6 ponto em relação ao segundo trimestre do ano passado.

Nas linhas de financiamento de veículos, a inadimplência praticamente não subiu nos últimos 12 meses, passando de 5,32% para 5,38%, abaixo do resto do mercado, segundo Teixeira. Ele atribui o desempenho à postura mais ativa do banco na cobrança. “É provável que a inadimplência siga nesse patamar ou até caia um pouco”, diz.

O presidente do Votorantim também espera um desempenho melhor para as despesas de provisão a partir do segundo semestre, o que também deve se refletir nos resultados. Os gastos com provisão do banco somaram R$ 457 milhões entre abril e junho, 10% abaixo dos três primeiros meses do ano e uma alta de 2% na comparação com o segundo trimestre.

Apesar dos primeiros sinais positivos no cenário econômico, uma melhora efetiva, contudo, só deve começar a ocorrer a partir do ano que vem. “Estamos prontos para crescer, mas a prioridade atual é fortalecer o balanço”, diz Teixeira. A retração do crédito afetou a margem financeira do banco, que caiu 9,9% em relação ao segundo trimestre do ano passado, para R$ 1,163 bilhão.

As receitas com serviços compensaram em parte a redução nos financiamentos, com um aumento de 12,6% no primeiro semestre deste ano. No mesmo período, as despesas administrativas e de pessoal registraram queda de 0,7%, bem abaixo da inflação, que acumulou alta de 4,4% nos primeiros seis meses do ano.

Questionado sobre a possibilidade de venda do Votorantim, diante da necessidade de capital do Banco do Brasil, Teixeira disse que a questão cabe aos acionistas. “Não tenho nenhuma informação sobre nenhuma negociação em andamento”, afirmou.

Durante entrevista coletiva para comentar o balanço do segundo trimestre, o presidente do BB, Paulo Caffarelli, disse que o Votorantim vem apresentando um nivel de resultado que, com o tempo, será satisfatório. “Estamos fazendo um trabalho para rentabilizar o banco”, disse. (Colaboraram Felipe Marques e Talita Moreira)

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