Por: Martha Funke
O surgimento das plataformas on-line de intermediação de crédito dá um novo fôlego às pequenas e médias empresas em busca de capital em um momento de retração das instituições financeiras. O pulo do gato é concentrar diversas ofertas em um mesmo local, cobrando comissão por negócios fechados e facilitando a vida dos tomadores, que não precisam mais buscar diversos estabelecimentos diferentes para negociações individuais.
A Intoo e a Broadfactor estão concentradas em antecipação de recebíveis. A primeira nasceu em 2013 por iniciativa dos sócios Bruno Maggi e Renato Farache. Foi selecionada pelo programa Brasil, passou um ano incubada na Wayra, da Telefônica, e depois de receber aportes de um anjo do mercado financeiro e do fundo Artex Capital, do grupo 3G, e fechar contratos com instituições financeiras, entre elas a Caixa, começou a operar no ano passado.
Este ano, os fundos Monashees, Redpoint e Accion reforçaram o caixa da empresa, que já soma aportes de US$ 5 milhões. Até outubro, as solicitações de crédito superaram R$ 1 bilhão. Da oferta mais ampla de operações em um primeiro momento, hoje o foco da Intoo é em recebíveis, evitando etapas mais complexas como a avaliação de garantias para operações como capital de giro. “A meta é tornar a operação totalmente digital”, diz Bruno.
Atualmente, a plataforma concentra mais de 40 mil empresas cadastradas, com faturamento entre R$ 200 mil e R$ 2 milhões, e 56 instituições financeiras, incluindo bancos de médio porte, como Pan e Indusval e fundos de investimento em direitos creditórios (FDICs). “A plataforma facilita a prospecção. Mas a tecnologia não basta, tem de ter alguém visitando e fazendo a gestão do cliente”, afirma Maria Isabel Camargo, da Midas Fomento Mercantil, que em quatro meses conquistou dez clientes via Intoo, a maior parte do setor industrial.
A Broadfactor atua na mesma área. A plataforma nasceu em 2012 para atender a empresa de fomento Federal Invest, onde chegou a somar 48 clientes e 4 mil títulos comercializados no valor de R$ 15 milhões em um ano e meio. A iniciativa serviu como protótipo para o novo negócio, remodelado a partir da chegada de investimentos da americana Mondo Strategy e anjos brasileiros, cerca de R$ 2 milhões.
Em outubro, a plataforma foi relançada com o novo nome. O presidente Ricardo Cury estima que, até o fim do ano, entre 40 e 50 empresas de fomento juntem-se à iniciativa. Até o final de 2016 ele projeta reunir 550 instituições e 12 mil cedentes, movimentando mais de R$ 500 milhões. “Monitoramos situação das notas fiscais em todos os Estados da federação e em 300 prefeituras”, detalha.
Já a F(x), fundada pelo ex-executivo do mercado financeiro Dan Cohen, adotou outro caminho, com plataforma desenvolvida para a oferta de operações estruturadas. A base é um algoritmo de matching que já está na 300ª versão e funciona como o aplicativo de paqueras Tinder, “combinando” perfis de tomadores de crédito e interesse de investidores. A solução rendeu aporte de quase R$ 3 milhões da eGenius, dos fundadores da Easy Taxi, e permite ao interessado relacionar mais de 300 fatores para aumentar sua atratividade, como garantias, motivação para o pedido, desempenho e perfil, do lado das empresas, e condições da dívida, no caso das instituições financeiras.
As 45 instituições cadastradas definem o perfil da empresa almejada, hoje com 53 variações. Em comum, o prazo acima de 18 meses. O próprio algoritmo sugere adaptações para tornar o pedido do tomador mais atraente. As empresas na mira são aquelas com faturamento anual acima de R$ 30 milhões. Até agora, 120 empresas entraram na plataforma, das quais 43 conseguiram matching, com propostas somando mais de R$ 100 milhões – seis operações já foram fechadas, com ticket médio de R$ 5 milhões.
O serviço custa ao tomador R$ 10 mil por seis meses, devolvidos quando o empresário recebe o capital, sobre o qual é cobrado 1% de comissão. “Nos próximos meses vamos transformar a ferramenta em leilão, para os empresários selecionarem os investidores”, antecipa Dan – hoje os investidores só são conhecidos depois da combinação.
Para Marco Rennó, da Osher Investimentos, que já fechou uma operação via F(x) e está com mais duas em análise, itens como relatório prévio, análise e indicativos, além de opinião independente sobre a oportunidade, reduzem o tempo investido na avaliação da operação. “Não é uma operação que o empresário vai encontrar em um banco tradicional. Existe uma estruturação que precisa ser discutida conjuntamente”, diz.
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