Diante da crise atual, fornecedores e compradores têm se unido para garantir a sustentabilidade da cadeia produtiva. Uma das saídas que mais têm se popularizado é a busca de recursos de forma unificada por meio de soluções tecnológicas que integram compradores, fornecedores e instituições financeiras. A alternativa permite viabilizar projetos, reduzir os custos de financiamento e aumentar a oferta de capital de giro das redes de suprimento.

O conceito, chamado no exterior de supply chain finance, chega agora ao Brasil por meio de uma parceria entre Intoo, plataforma on-line de crédito que facilita o financiamento de capital de giro e antecipação de recebíveis conectando empresas e instituições financeiras, e a Coobo, especializada em consultoria e tecnologia de gestão inteligente de gastos. O modelo tem permitido que empresas obtenham uma redução média no custo de crédito de até 70%. Enquanto que a média de captação do mercado flutua ao redor de 5% ao mês (Fonte: Banco Central), aquelas provenientes da parceria feita entre Intoo e Coobo, podem custar até menos da metade disso.

“A necessidade de capital de giro é um dos grandes detratores de performance na cadeia produtiva. Na crise, as empresas não conseguem crédito junto aos bancos e buscam alternativas. Ao estar ao lado do fornecedor, o comprador contribui para a sustentabilidade da cadeia”, explica Lucas Mattos, diretor de operações da Intoo.

Da forma tradicional, o comprador busca aumentar o prazo médio de pagamento, de forma a rentabilizar o capital de giro. Ao mesmo tempo, trabalha em rede, com grande número de fornecedores, que precisam captar recursos financeiros para fornecer insumos. O tempo médio de recebimento das vendas fica acima de 30 dias e o capital externo torna-se caro, demorado e de difícil acesso. “Identificamos que muitos fornecedores que estão inseridos neste processo já exibem problemas de fluxo de caixa e, caso continuem assim, os grandes compradores canibalizarão sua rede de fornecedores. É um ciclo vicioso”, afirma Fabiano Coutinho, diretor-sócio da Coobo.

De acordo com o especialista, a queda de braço entre compradores e fornecedores tem se tornado cada vez mais severa diante da conjuntura atual. De um lado, o comprador, que, em geral, detém o poder do mercado, pressiona cada vez mais pelo alongamento dos prazos de pagamentos e, do outro, o fornecedor, de menor porte, vê suas margens comprimidas e o ciclo financeiro prejudicado, com o descasamento dos prazos de recebimento e pagamento.

A nova tendência quebra esse ciclo negativo, pois o adiantamento de recebíveis via plataforma de compras facilita o processo para ambos os envolvidos. O comprador recebe participação na taxa de desconto do adiantamento cobrada pelo intermediador ao fornecedor. O comprador continua com recursos aplicados ao CDI, e paga o título ao intermediador, apenas no prazo acordado. O fornecedor recebe recursos financeiros imediatamente, com taxa de desconto inferior a empréstimos de capital de giro, via simples clique na plataforma de compras.

Na contramão do mercado de crédito, que vem encolhendo mês a mês, a Intoo deve superar a casa de R$ 1 bilhão em volumes transacionados até o fim de 2015. Neste ano até agosto, a empresa transacionou R$ 580 milhões, aumento de 38% em relação ao volume total de negócios de todo o ano de 2014 (R$ 420 milhões). Na plataforma ainda se encontram R$ 330 milhões para serem fechados.

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