As fintechs estão revolucionando a forma como as pessoas lidam com os serviços financeiros e ampliando as ofertas disponíveis para os consumidores, no mundo inteiro. No Brasil, o cenário não é diferente: o Fintech Mining Report 2020 apontou a existência de 550 fintechs no país, sendo que 21% delas pertencem ao mercado de meios de pagamento, um dos nichos antes monopolizados por grandes empresas e bancos do país.
Ainda em 2020, refletindo a expansão do setor, o Softbank criou o primeiro fundo de investimentos voltado para a América Latina. Além disso, diversas fintechs passaram por grandes rounds de investimento – um dos mais famosos foi o do brasileiro Nubank, que arrecadou aproximadamente $400 milhões em uma rodada liderada pelo fundo TCV e seguido por nomes como Tencent e Sequoia Capital.
O EY Global FintechAdoption Index 2020 também trouxe alguns números de uso que comprovam o crescimento da popularidade das fintechs, globalmente. Por exemplo, 75% dos consumidores em todo o mundo as utilizam para realizar pagamentos ou transferências financeiras, e 58% das pequenas e médias empresas utilizam os serviços bancários ou de pagamentos das fintechs.
Mesmo com um cenário tão favorável e com tantas oportunidades em vista – vide a população não-bancarizada do país, que chega em 45 milhões de brasileiros, segundo o Instituto Locomotiva – as fintechs ainda encontram muitas barreiras para o seu crescimento, Neste texto, trouxemos quais são os maiores desafios dessas empresas:
População sem inclusão tecnológica
Os números relativos à inclusão tecnológica estão melhorando no país – a pesquisa TIC Domicílios, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic), divulgou que 70% da população brasileira já está conectada.
Foram 126,9 milhões de pessoas utilizando a rede de forma regular em 2020, e metade da população rural e das classes C e D já possuem acesso à internet. Ainda assim, a aquisição de novas tecnologias pode ser bem cara para essa parte dos brasileiros, o que dificulta também o acesso aos serviços financeiros.
Obrigações regulatórias
Fazer parte do ecossistema de fintechs significa ter alinhamento com as leis que regulam o mercado financeiro e, também, com outras possíveis regulamentações que incidam sobre os produtos e serviços oferecidos pela empresa.
Para atender à pressão crescente de estar em conformidade, é preciso ter conhecimento sobre todo o cenário regulatório e normas como a AML, a resolução nº 4.753 ou, ainda, a LGPD, além de possuir um time dedicado que vá garantir o cumprimento de todos os compliances necessários.
Uso inteligente de dados
As fintechs estão descobrindo novas ferramentas para explorar e manusear dados. Exemplo disso é que o blockchain tem sido cada vez mais utilizado em projetos de instituições financeiras para a realização de operações seguras.
Um dos desafios crescentes em relação a esse tema é a forma como as empresas usam esse volume crescente de informações, com vários aspectos éticos e legais envolvidos, pensando sempre em como não ultrapassar os limites de privacidade do consumidor.
Se não pensarem em formas inteligentes e compliant para a utilização de dados, as empresas estão arriscando levar grandes prejuízos financeiros e a perda de sua reputação para casa.
Marketing para aquisição de clientes
Muitas fintechs começam a rodar sem ter uma estratégia de marketing definida para a aquisição de clientes, o que pode levar a perdas de grandes quantias de dinheiro com ações que não trarão resultado.
Por isso, é necessário que a empresa tenha objetivos, metas e budget bem delimitados para a área – assim, fica mais fácil experimentar e realizar testes de forma controlada, sempre analisando os dados para decidir quais formatos e estratégias devem ser mantidos.
Competição com grandes players do mercado
Além de concorrerem com as centenas de fintechs já existentes no país, as entrantes nesse mercado também enfrentam o desafio de competir com organizações financeiras já estabelecidas, que contam com uma extensa base de dados de seus clientes, facilitando o desenvolvimento e oferta de novos produtos e serviços financeiros.
Uma outra tendência tem preocupado as novas fintechs: empresas de tecnologia que estão se aventurando pelo mundo dos serviços financeiros, como o grupo GAFA (Google, Amazon, Facebook, Apple). Para superar esse obstáculo, as fintechs precisam conhecer muito bem o seu público-alvo – muitas delas, inclusive, têm feito parcerias com organizações financeiras consolidadas como forma de oferecer soluções inovadoras que cheguem aos seus consumidores.
Desenvolver soluções inovadoras para certos nichos de mercado
O desenvolvimento de soluções inovadoras é não somente um diferencial para as fintechs, como também seu mecanismo de defesa frente à acirrada competição do mercado.
Por isso, essas novas empresas podem olhar para nichos de mercado que, usualmente, são dispensados pelas demais instituições financeiras, como as pessoas que não conseguem mais abrir contas ou realizar empréstimos por estarem com seus nomes negativados.
Segundo dados do Serasa Experian, o número de inadimplentes bateu o recorde de 63 milhões em março de 2020, o maior registrado desde o início da série histórica. Então, um dos desafios que caberia às fintechs seria descobrir novas formas de facilitar o acesso ao crédito e soluções financeiras para essa parcela da população.
Redução do ciclo de vendas
Fintechs – especialmente aquelas que oferecem soluções B2B – têm um ciclo de vendas que pode durar até 36 meses. Por isso, é importante que, principalmente no começo, elas equilibrem um pipeline de clientes com ciclo de vendas mais longos e outros com ciclos mais curtos.
Elas também devem encontrar os earlyadopters que vão ajudá-las a fazer os ajustes necessários no produto o mais rápido possível, de forma a atender as necessidades do mercado.
Um outro ponto para ajudar a escalar o crescimento de forma sustentável passa pela estruturação do ciclo de vendas, etapa em que as fintechs devem entender a sua segmentação de mercado e identificar o productmarketfit.
Encontrar os investidores certos
Em sua busca por investidores, as fintechs enfrentam uma série de questionários envolvendo perguntas como os potenciais riscos do negócio, quais são as métricas e KPIs e qual problema a empresa se propõe a resolver.
Mas esse é só o começo: as fintechs erram ao escolher investidores estratégicos, pois muitos deles exigem retorno financeiro em curto prazo. Isso leva as empresas a se comprometerem em acordos que não conseguem ser cumpridos, devido ao conservadorismo do mercado financeiro, o que acaba resultando em sua falência.
Esse desafio só será ultrapassado quando as fintechs passarem a escolher seus investidores de forma mais estratégica, buscando aqueles que preferem um retorno a longo prazo.
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