Ao ouvir os funcionários, Localiza montou estratégia para manter engajamento dos times, com flexibilidade e foco em saúde mental
Com a chegada da pandemia, funcionários de diversas companhias foram rapidamente orientados a trabalhar de casa. O movimento gerou uma preocupação em especial: em meio a tantas mudanças e à crise, a produtividade poderia cair.
A inquietação motivou os gestores da empresa de aluguel de automóveis Localiza. “Montamos um comitê de crise para escalar o trabalho remoto e para preservar a saúde do colaborador”, diz Daniel Linhares, diretor executivo de gente da organização. “A ideia era estabelecer o home office e, ao mesmo tempo, manter a alta performance dos funcionários.”
A saída para superar as dificuldades da pandemia foi simples: ouvir os funcionários. Logo no início da quarentena, o comitê de crise marcou reuniões pontuais para entender os pontos críticos do novo modelo de trabalho. “Hoje parece básico, mas lá atrás, ouvindo os empregados, percebemos que a ausência de ergonomia em casa era algo que afetava bastante a produtividade”, diz Linhares. “Desta forma, agilizamos os empréstimos de cadeiras e periféricos.”
Outro ponto que surgiu das conversas foi a importância da flexibilização de horários. Com muitos pais dando assistência aos filhos com os estudos em casa, tornou-se essencial abrir possibilidades de ter intervalos no meio do dia para oferecer apoio.
As informações obtidas nas conversas com os funcionários levaram a empresa a criar a metodologia PEG, que prioriza produtividade, engajamento e gestão. Trata-se de uma ferramenta de gestão de pessoas com base neste tripé, com ações voltadas a resolver as principais dores dos funcionários e deixá-los mais próximos da organização, ainda que à distância.
Enquanto a parte da produtividade envolveu a melhora das estruturas de home office dos funcionários e a organização das formas de comunicação no dia a dia, a parte de engajamento priorizou a conexão dos empregados à dinâmica da empresa.
Neste sentido, a já existente Universidade Localiza passou a gerar conteúdos relacionados à saúde. Entre os temas abordados, práticas de meditação para gerenciamento de estresse e incentivo à atividade física, por meio de aulas no YouTube e por meio de aplicativos.
Finalmente, o pilar de gestão envolveu a análise de índices de produtividade – tanto os quantitativos (como número de atendimentos por profissional) quanto os qualitativos (estes, em geral, vindos de autodeclaração). Segundo Linhares, desde o início da pandemia estes indicadores só melhoraram. Em geral, a produtividade teve aumento de 17 pontos percentuais.
Aprendendo com os gringos
Para além dos aprendizados que vieram do contato com os funcionários, Linhares afirma que consultorias globais também foram essenciais no processo. “Temos contato com algumas empresas com sócios no exterior, como na China e na Itália. Experiências de fora nos ajudaram a ter insights do que estava por vir”, diz.
A própria crise também ajudou na manutenção da produtividade. Com o negócio principal comprometido – reflexo da baixa demanda de aluguéis de carros –, as metas acabaram sendo ajustadas naturalmente. “Abril foi um mês muito difícil, e vimos uma leve retomada em maio”, diz Linhares. “Ainda assim, tivemos uma retração de volume, e nos adaptamos a uma nova realidade de curva.”
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