Ter uma bandeira de cartões nacional é o próximo passo a ser anunciado pelo maior banco privado do setor

Por: João Sandrini

O Itaú está prestes a lançar o cartão Hiper, uma bandeira nacional de cartões de crédito e débito que vai disputar o mesmo segmento de mercado da Elo, a bandeira criada conjuntamente por Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Inicialmente o Itaú será o único emissor dos cartões Hiper, mas, segundo apurou o InfoMoney, outros bancos já estão sendo convidados a entrar na empreitada. O lançamento oficial da bandeira deve acontecer no próximo dia 02 de outubro e será feito pelo diretor-executivo da área de cartões do Itaú, Milton Maluhy. Procurado, o Itaú informou que não comentaria o assunto.

O Hiper é a mais nova aposta do sertor de cartões do Itaú, que já controla a bandeira Hipercard (forte no Nordeste), a emissora Credicard (comprada neste ano do Citi) e a empresa de adquirência Redecard (que fechou capital no ano passado), além de também ser um dos maiores emissores de cartões Visa e Mastercard do mundo.

O cartão Hiper vem para complementar o portfólio do Itaú no setor, porque sua atual bandeira própria, o Hipercard, é forte apenas no Nordeste – o que pode ser explicado por sua origem. A Hipercard pertencia à rede Walmart na década passada. Nessa mesma transação, o Unibanco assumiu a Hipercard. Com a compra do Unibanco em 2008, o Itaú acabou herdando a operação. Em seu site, a Hipercar informa ter uma base de 13,5 milhões de cartões emitidos, que são aceitos em 460 mil estabelecimentos comerciais. É interessante notar que os cartões da Hipercard já se chamaram Hiper entre 1982 e 1991 e depois passaram a ter o nome atual.

Os cartões Hiper serão inicialmente emitidos pelo Itaú, distribuídos na rede de agências para os clientes do banco em todo o país e, ao menos neste momento, aceitos apenas nas máquinas de pagamento da Redecard – ou seja, empresas e lojas que só usam os sistemas de outras empresas adquirentes como Cielo ou Santander GetNet não vão permitir o pagamento com cartões Hiper. Ter um cartão de bandeira própria é interessante do ponto de vista financeiro para um grande banco, porque ao emitir plásticos da Visa ou da Mastercard, é necessário pagar royalties a essas duas multinacionais. Com uma bandeira própria, esse custo deixa de existir.

Foi com esse mesmo espírito que nasceu a Elo. Lançada pelo Bradesco, Caixa e BB já mais de dois anos, essa bandeira nacional emitiu mais de 20 milhões de cartões – a maioria de crédito e de débito, mas com uma parte também no segmento de cartões de alimentação. O cartão Elo é oferecido principalmente para clientes da classe C. Como praticamente não é aceito no exterior, o cartão não é oferecido, por exemplo, a um cliente que tem o hábito de fazer viagens internacionais ou compras em sites estrangeiros. Já para convencer os lojistas a passarem a aceitar cartões Elo, geralmente é concedido um desconto nos custos de transação, ampliando mais rapidamente a rede. Em tese, é possível que todos os estabelecimentos que utilizam máquinas de pagamento da Cielo possam aceitar também a bandeira Elo. A mesma coisa pode acontecer com os cartões Hiper e a rede de lojas que usam as máquinas da Redecard.

Para analistas que acompanham o setor, o governo, em algum momento, deve obrigar as empreas de adquirência como Cielo e Redecard a eliminar todos os tipos de exclusividade no setor de cartões. O primeiro passo nesta direção foi dado há alguns anos, quando acabou a exclusividade entre Visa e Cielo e entre Redecard e Mastercard. No futuro, é provável que as máquinas de cartões da Redecard, por exemplo, passem a aceitar transações com todas as bandeiras do país, incluindo também American Express e Elo. Ou seja, tanto a máquina da Cielo quanto a da Redecard passariam a aceitar Visa, Mastercard, Elo, American Express, Diners, Hiper e qualquer outra bandeira que surja no mercado brasileiro.

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