Por: Suzana Liskauskas
O ritmo de crescimento do volume de crédito total no Brasil vem se reduzindo desde 2011. Apesar do esforço feito pelo Banco Central no mês passado para expandir a capacidade dos bancos em ofertar crédito, mudando regras do setor para que instituições financeiras não deixem dinheiro parado e sejam estimuladas a emprestar mais, com um pacote que incluiu a liberação de até R$ 45 bilhões do empréstimo compulsório, os analistas não veem um cenário promissor para 2015.
Após um período de crédito farto, o mercado começa a se preocupar com as taxas de inadimplência. Esta análise leva as instituições financeiras a perseguir o baixo risco, com uma aposta maior em produtos como crédito consignado e imobiliário. De acordo com o relatório publicado em 25 de junho pelo Brasil Plural, referente ao setor bancário, há indícios fortes de que o crescimento será mais lento com relação ao volume de crédito durante 2015. Os próximos meses serão marcados por períodos de ajustes econômicos, independentemente do resultado das eleições em outubro de 2014.
O relatório aponta que os bancos brasileiros tendem a mudar sua composição de produtos, para diminuir o risco e o spread. Com relação ao crescimento, os bancos estão mudando o foco para aumentar o capital e atender requisitos legais como os da Basileia III. A preocupação está voltada para o controle de custos e o aumento da qualidade dos ativos. A análise indica um arrefecimento na expansão do crédito de um modo geral.
Para Eduardo Nishio, um dos analistas que assinam o relatório do Brasil Plural, há uma desaceleração geral com relação à concessão de crédito entre as instituições brasileiras. Isso é reflexo da necessidade de aumentar capital e do alto nível de comprometimento da renda das famílias brasileiras com dívidas. “As instituições financeiras públicas tendem a desacelerar em função da necessidade de aumentar capital e, no âmbito dos bancos privados, não vejo apetite com relação ao crédito. De forma geral vemos uma contração dos bancos privados no momento em que os públicos tendem a desacelerar”, comenta Nishio. O analista diz que o brasileiro está bem alavancado. “Hoje cerca de 20% da renda das famílias são consumidos com dívidas”, diz. Um cenário, segundo ele, muito diferente de cinco ou dez anos atrás. “Em 2007 e 2008, os bancos cresciam em média 30% ao ano, o que era o suficiente para eles garantirem lucro e havia muito crédito no sistema”.
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