As pessoas físicas estão mudando aos poucos o perfil de suas dívidas de longo prazo transformando os gastos com financiamento em imóvel em sua prioridade orçamentária em detrimento de outros tipos de crédito, como o relacionado à compra de um carro. Dados do Banco Central (BC) mostram que o estoque geral de crédito no sistema financeiro nacional para compra da casa própria passou de R$ 189,3 bilhões em dezembro de 2011 para R$ 306,4 bilhões até o meio do ano, aumento de 38,2%.
Em igual período o saldo total de crédito para financiamento de veículos passou de R$ 177,6 bilhões para R$ 193,9 bilhões, crescimento de apenas 8,4%. Em dezembro de 2011 os recursos para financiamento imobiliário representavam 20,5% do total do crédito para pessoas físicas. Em julho a participação aumentou para 26,1%. Em igual período a participação dos empréstimos para aquisição de veículo entre famílias caiu de 19,2% para 16,5%.
Em julho deste ano foram originados R$ 294,4 bilhões em novos créditos. Desse total, 7,8% foram fruto de operações para financiamento imobiliário para pessoas físicas e outros 5,6% para aquisição de veículos. Em dezembro de 2011 essa proporção foi de 5,1% para imóveis e 7% para aquisição de veículo.
Outro dado relevante é que crédito imobiliário está ainda mais concentrado nas mãos dos cinco maiores bancos do País – Bradesco, Banco do Brasil, Caixa, Itaú Unibanco e Santander. Em dezembro de 2011, 95,9% do total de empréstimos eram feitos por essas instituições, essa participação aumentou para 97,1% em julho desse ano. Os cálculos foram feitos com base nos dados divulgados pelos bancos em seus balanços em relação as estatísticas divulgado pelo Banco Central relativas a totalidade do sistema.
Dentre esses cinco bancos, os dois públicos lideram a expansão e concentram ainda mais o mercado. Em dezembro de 2011, o BB e a Caixa detinham 80,5% do estoque total, em julho deste ano essa participação foi de 82,3%.
Para o professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), Sílvio Paixão, esse crescimento mostra que o brasileiro está confiante com o futuro da economia, mesmo com o baixo crescimento apresentado pelo país no segundo trimestre do ano.
“A compra de uma casa é uma decisão muito importante na vida de uma pessoa ou de uma família. Para concretizar essa escolha é preciso estar confiante de que a renda se manterá até que o final do financiamento”, afirmou.
Para o diretor presidente do Instituto Fractal de Análises de Mercado, Celso Grisi, esse tipo de crédito é bom para os bancos e para as pessoas. Para as instituições financeiras é um crédito de baixo risco e com uma demanda cada vez maior. As famílias, por sua vez, encontram um juro menor em comparação a outros tipos de empréstimos disponíveis no mercado o que melhora a composição da dívida e ainda se livram de pagar o aluguel.
“As pessoas tendem a honrar mais o pagamento do financiamento de sua casa própria. É a última conta que deixam de pagar. Além disso, em caso de calote o banco pode retomar a posse, vender e recuperar, se não a totalidade, uma boa parte do valor do financiamento. Esse crescimento deve continuar forte”.
“Ao contrário do carro, um imóvel tende a se valorizar com o passar dos anos e isso mitiga muito o risco para os bancos”, acrescentou Celso Grisi.
CADASTRE-SE no Blog Televendas & Cobrança e receba semanalmente por e-mail nosso Newsletter com os principais artigos, vagas, notícias do mercado, além de concorrer a prêmios mensais.
O texto é equivocado ao transmitir a sensação que isso foi uma iniciativa do consumidor. Na verdade, qualquer um que conhece um pouco do mercado sobe que foram os bancos que direcionaram suas carteiras para produtos mais seguros. A carteira de crédito imobiliário aumentou tanto porque os bancos estão mudando suas estratégias, assim como também vem aumentando a participação dos produtos consignados nos portfólios das grandes instituições. Apesar de margens menores, ambos os produtos são mais seguros para o banco.