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12 de junho de 2016 - 14:06

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Apesar dos altos índices de inadimplência, a instituição pretende alcançar microempresários desbancarizados e conceder mais crédito para as classes C e D por meio de lojas varejistas

A financeira Omni planeja alcançar e conceder mais crédito para microempreendedores desbancarizados e, via varejistas, para as classes C e D. O cenário de recessão, no entanto, ainda coloca a inadimplência no radar da instituição.

De acordo com Tadeu Silva, vice-presidente da Omni, a financeira (que está com o processo de se tornar banco), vê a oportunidade de “substituir” financiamentos que os varejistas não estão conseguindo cobrir por falta de capital de giro.

“O que acontece é que, nesse cenário de crise, o varejista não está conseguindo ter capital suficiente. Isso traz uma nova oportunidade para que os bancos e financeiras consigam bancar esses financiamentos que os lojistas não estão mais conseguindo cobrir”, avalia o executivo.

Segundo dados da instituição, o primeiro quadrimestre deste ano fechou com lucro líquido de R$ 5,52 milhões, o correspondente a 50,2% do total visto em 2015 (R$ 11 milhões), quando a financeira registrava lucro 69% menor do que o visto em 2014.

O vice-presidente da Omni, no entanto, ressalta que apesar da maior seletividade, a situação se torna viável pelo fato de que a grande maioria dos clientes a serem financiados por meio das varejistas já tem uma análise de perfil no banco de dados da financeira.

“É lógico que toda a análise de crédito é rigorosa, ainda mais em momentos como esse que o País vive hoje. Mas nós já temos uma tradição voltada para o público de baixa renda e, muitas vezes, quando o lojista submete um cliente dele aos parâmetros de concessão de crédito, ele também é um cliente nosso e isso facilita a análise do perfil”, afirma.

Em 2015, a Omni investiu quase R$ 4,8 bilhões na aquisição de carteiras de crédito de outras instituições, a maioria da Caixa Econômica, encerrando o ano com um saldo desse portfólio em R$ 3,165 bilhões, o dobro de 2014. Por outro lado, o índice de inadimplência da financeira subiu quase dois pontos percentuais, indo de 9,29% em 2014, para 11,02% no ano passado.

Em relação aos microempreendedores, Silva destaca que o intuito é alcançar os desbancarizados, com média de faturamento mensal entre R$ 10 mil e R$ 12 mil.

“Com a aquisição do Banco Pecúnia [ainda pendente de aprovação do Banco Central], nós vamos conseguir incluir esse pequeno empreendedor no setor financeiro, até porque 50% dos empréstimos, não consigo creditar porque o devedor não tem conta bancária. Teremos muita aderência pelas características dessa operação. A projeção é finalizar este ano com mais 30 mil contratos na carteira”, finaliza o executivo.

Cautela

Segundo especialistas de crédito ouvidos pelo DCI, no entanto, a demanda pelo microcrédito tende a ser mais restrita e cautelosa por parte dos dois lados da transação.

“Do jeito que estamos, a concessão em si é algo bom porque é a força motriz que gera a economia. Mas sem grandes garantias, talvez haja um momento em que seja necessário carregar um pouco mais nas taxas de juro para recuperar esses recursos”, avalia o professor de finanças e contabilidade da Saint Paul Escola de Negócios, Carlos Quinteiro.

Para Hilgo Gonçalves, atual presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), devido ao cenário atual os clientes estão tomando o crédito de forma mais consciente e os agentes financeiros também estão mais cautelosos. “A retomada com maior intensidade, virá junto no momento que as medidas adotadas pelo governo se materializarem, porém, já num cenário mais consciente de todos os stakeholders”, ressalta.

Isabela Bolzani

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