Se há uma regra básica da análise de crédito é a de que devemos evitar ao máximo vender para negativados.
Isso pode parecer algo óbvio.
Afinal, quem iria se arriscar a abrir crediário para um cliente que já tem dívidas atrasadas com alguma outra empresa?
O alto risco de vender para esse perfil é um fato que podemos comprovar diariamente por meio dos nossos relatórios internos aqui na Meu Crediário.
Mas o que esses relatórios também mostram é que, mesmo depois de confirmar a inadimplência nos órgãos de proteção ao crédito, o sistema ainda libera a venda para algo em torno de 7% dos clientes negativados.
São vendas que estariam perdidas caso a loja simplesmente consultasse o CPF e negasse o crediário diante de uma negativação.
Mas como podemos saber quando é seguro conceder crédito para negativados?
Bem… prometo falar sobre isso mais adiante.
Antes eu preciso falar um pouco mais sobre os riscos de vender no crediário para esse tipo de cliente.
O NEGATIVADO “BONZINHO”
Tem muita lojista que diz o seguinte: “Ok. O cliente está negativado, mas aqui na minha loja ele sempre pagou certinho”.
Este é um caso típico de empresário com uma visão limitada da sua carteira de clientes.
Ao invés de analisar a massa de dados gerada pelo crediário da loja, ele segue olhando apenas as exceções.
E isso pode ser muito nocivo para o negócio.
Certos consumidores, mesmo devendo para outras empresas, procuram manter uma relação de crédito saudável com algumas lojas na sua cidade.
Enquanto sua situação financeira permitir, eles precisam ter outros canais abertos para que possam continuar comprando a prazo.
Mas há sempre o risco das dívidas se acumularem e o tal “negativado bonzinho” acabar ficando inadimplente também na sua loja.
Aí não vai adiantar nada fazer a cobrança dizendo que a loja poderá negativá-lo. Ou mesmo ir adiante fazer a negativação.
Isso não vai motivá-lo a quitar a dívida.
Afinal de contas, você mesmo concedeu crédito para negativado, sendo que já estava em diversas outras empresas.
E para ele tanto faz “uma negativação a mais ou uma a menos…”
NEGATIVAÇÕES RECENTES VS NEGATIVAÇÕES ANTIGAS
Algo importante que você precisa levar em conta ao dar crédito para negativados é verificar o período em que ocorreram as negativações.
Tem muita gente que faz a consulta e descobre que a pessoa está negativada por ter deixado de pagar uma conta de luz ou telefone. Como trata-se de algo trivial, não dá importância para esse fato.
Na verdade, dependendo do período dessa negativação, ela é muito importante para a sua tomada de decisão.
O fato de que aquela pessoa não está conseguindo pagar uma conta de luz significa que ela pode estar passando por uma situação financeira muito ruim.
E aprovar a venda nesses casos, mesmo quando se trata de um cliente tradicional, pode impactar bastante na inadimplência da loja.
FIQUE DE OLHO NAS “PASSAGENS” PELO SPC
Quando falamos nos riscos e cuidados que envolvem a consulta de crédito, não podemos somente olhar para os clientes negativados.
Você também precisa acompanhar o histórico dos clientes que apresentam diversas passagens pelo SPC ou por algum outro bureau de crédito.
E o que é uma passagem?
É cada vez que o nome do cliente é consultado por uma loja no banco de dados destas empresas, mesmo que não exista nenhuma negativação.
Quanto mais passagens esse cliente tiver, quer dizer que ele já fez (ou tentou fazer) diversas compras recentemente no comércio.
E este é um forte indicador de risco para inadimplência, às vezes até maior do que no caso de um cliente negativado.
É por isso que a política de crédito da sua loja deve sempre levar em conta quantas passagens o cliente tem e já ter critérios padronizados para avaliá-lo como de baixo, médio ou alto risco de acordo com essa informação.
O RISCO DE REUTILIZAR UMA CONSULTA DE CRÉDITO
Outra prática bastante arriscada, mas que ainda acontece muito no comércio, é reutilizar uma consulta ou análise de crédito.
Funciona assim:
Depois que o cliente ficou tradicional, a loja passa a reutilizar a consulta dele por até 180 dias.
Dentro desse período, sempre que ele retornar para fazer uma nova compra no crediário a loja vai considerar o resultado da consulta anterior.
Esse é um erro muito grande.
Porque em 180 dias o comportamento do cliente e sua capacidade de pagamento podem mudar consideravelmente.
E aí, pensando em economizar o custo de uma nova análise de crédito, o lojista acaba gastando muito mais com cobrança.
É claro que você até pode reutilizar uma análise em certos casos, dentro de um período de 15 a 20 dias, no máximo. Mas essa não deve ser uma prática comum no seu negócio.
CADASTRE-SE no Blog Televendas & Cobrança e receba semanalmente por e-mail nosso Newsletter com os principais artigos, vagas, notícias do mercado, além de concorrer a prêmios mensais.