Autoridade monetária estima retração nos empréstimos de bancos públicos.
Segundo BC, alta da taxa de juros também devem influenciar cenário.
Por: Alexandro Martello
Influenciado pela menor atuação dos bancos públicos e pelo aumento dos juros bancários, o volume de crédito ofertado pelas instituições financeiras deve desacelerar pelo quarto ano consecutivo em 2014, segundo números do Banco Central.
De acordo com o chefe do Departamento Econômico da autoridade monetária, Tulio Maciel, o BC projeta uma expansão de 13% para o volume total de empréstimos dos bancos em 2014, contra um crescimento de 14% (dado revisado) de 2013.
Os números do Banco Central mostram que o crédito bancário vem desacelerando desde 2011. Em 2010, o crescimento foi de 20,6%, passando para 18,8% de expansão no ano seguinte e para 16,4% em 2012.
Segundo Maciel, a instituição considera a estimativa de crescimento da economia brasileira, os dados de inadimplência e, também, o patamar da taxa de juros – que subiram nos últimos meses juntamente com a taxa Selic, fixada pelo BC -, entre outros indicadores, para fazer a projeção de crescimento do crédito bancário.
‘Duas pernas mancas’
O comportamento do crédito tem gerado preocupação em autoridades da equipe econômica por conta de seu impacto no crescimento da economia brasileira. Recentemente, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou que o Brasil tem crescido com “duas pernas mancas” nos últimos anos por conta do “financiamento ao consumo escasso” e da crise financeira internacional.
“Nos últimos cinco anos, estamos crescendo gradualmente com vento contrário da economia internacional. Se conseguirmos um vento a favor, ou de popa, a partir da recuperação da economia internacional, e com alta do crédito ao consumidor, teremos duas novas forças dinamizadoras para a economia brasileira”, declarou o ministro da Fazenda na ocasião.
Públicos X privados
Os números do Banco Central mostram que os principais responsáveis pela possível desaceleração do crédito bancário, em 2014, são os bancos públicos. A expectativa da autoridade monetária é de que os empréstimos dos bancos públicos subam 17% no ano que vem, contra 21% de alta em 2013.
Ao mesmo tempo, a previsão da autoridade monetária é de que o crédito dos bancos privados nacionais acelere em 2014 – subindo 10% – contra a expansão esperada de 6% em 2013. No caso dos bancos privados estrangeiros, a estimativa de crescimento do crédito, para o ano que vem, é de 8%, em comparação com 8% de crescimento também em 2013.
“Os bancos públicos concentram o crédito imobiliário, que sobe 34%. Essas linhas vão continuar crescendo à uma taxa expressiva no ano que vem, mas menor do que foi em 2013″, declarou Maciel, do BC. Recentemente, o ministro Guido Mantega também confirmou que o BNDES deve emprestar menos em 2014.
Crédito livre X direcionado
A autoridade monetária também divulgou projeções para o crescimento do crédito livre e do direcionado (habitacional, rural e BNDES) em 2014. A expectativa de crescimento do crédito livre (principais linhas para pessoas físicas, como cheque especial e consignado, além de empresas, como capital de giro) é de 10% para 2014 – em comparação com um crescimento de 8% em 2013. No crédito direcionado, a previsão é de uma expansão de 17% em 2014 – contra uma alta de 23% prevista para 2013.
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