Dependência de aprovação prévia dos usuários atrapalha o cadastro

Por: Camila Lira

Sonho das operadoras de crédito, o cadastro positivo pode demorar para sair do papel. Tudo isso por causa da escolha regulamentória das autoridades brasileiras. Segundo Laércio Pinto, presidente da unidade de Negócios Credit Services da Serasa Experian, o bureau pode demorar até dois anos para ter uma base de informações consolidadas. “Em agosto as empresas vão começar a preencher o bureau. Vai ser uma implementação custosa e demorada”, comenta Pinto.

“O regime de opt-in escolhido para a regulamentação brasileira consiste na autorização prévia do usuário para que seus dados apareçam no bureau. Este é um sistema muito caro para o País”, comenta o executivo. Ele explica que, para coordenar as autorizações de várias empresas – entre bancos, operadoras e companhias de energia – será necessário uma grande mobilização dos sistemas, o que deixa todo o processo não só caro, como também bastante demorado. “Vai ser preciso um esforço grande, porque terão que coletar as autorizações dos consumidores para depois coletar as suas informações”, explica Pinto.

Para o executivo, a visão das autoridades de que o bureau poderia violar a privacidade dos usuários e, por isso, depende de uma autorização prévia não corresponde com a realidade. “Essa visão consumoerista, que tem que preservar o indíviduo, não conflita com a opção de opt-out, em que o consumidor poderia retirar seus dados do bureau depois de descobri-los ali”, diz Pinto.

A regulamentação do cadastro positivo já foi chamada de “jabuticaba”, uma vez que não segue o caminho mais comum das legislações internacionais. Segundo o executivo, a demora para se criar uma boa base numérica de clientes no cadastro é ruim tanto para o consumidor, que não vê o retorno rápido de suas boas práticas de pagamento; quanto para as empresas, que ficam sem ter todas as informações completas. “É preciso melhorar a infraestrutura do crédito. Assim, o cadastro positivo precisa ser implementado para atacar a assimetria de informações entre empresas e credores”, finaliza o executivo.

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