Por: Felipe Marques
Os bancos diminuíram as projeções de crescimento do crédito para 2014 em setembro, mesmo depois de o governo ter anunciado medidas de estímulo ao avanço dos financiamentos. Um levantamento realizado em setembro pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), com economistas de 28 instituições financeiras, mostrou que a expectativa de crescimento do saldo de crédito neste ano é de 11,7%. Na edição de julho da pesquisa, a projeção era de avanço de 12,2%.
A expectativa para o crescimento do crédito em 2015 também caiu, de 12,1% na edição de julho para 11,8% em setembro. Para a maior parte dos entrevistados, o efeito das medidas do governo é contido pela menor demanda por crédito.
Entre o fim de julho e agosto, o Banco Central (BC) e o Ministério da Fazenda anunciaram uma série de medidas para reforçar o avanço do crédito, em especial em linhas de financiamento de veículos e de pequenas e médias empresas. As ações envolveram mudanças nas regras para recolhimentos compulsórios, nos pesos que os empréstimos têm nos balanços dos bancos e propostas para reforçar as garantias de algumas operações.
“As medidas anunciadas recentemente não reverteram essa tendência, pois a maioria dos economistas (77%) acredita que sua eficácia será sentida apenas em prazos mais longos, conforme a reversão no quadro da demanda, sobretudo, no que se refere à alavancagem da renda das famílias e à confiança dos agentes”, escreve a federação em informe divulgado ontem.
Os economistas passaram a esperar um crescimento maior do crédito com recursos direcionados (como o imobiliário e os desembolsos do BNDES), que é compensado pela piora no crédito com recursos livres (que inclui o consignado, veículos e capital de giro).
Na edição mais recente da pesquisa, a expectativa de avanço no crédito direcionado em 2014 passou para 17%, ante 16,1% no levantamento de julho. Já para recursos livres, a projeção caiu de 10% para 8,1%. “Na pessoa física, o desempenho seguirá mais forte no crédito pessoal (inclui consignado)”, escreve a Febraban. A pesquisa foi feita entre os dias 11 e 17 de setembro.
A Febraban também divulgou sua sondagem preliminar do desempenho do crédito em agosto, que indica um avanço de 1%, para R$ 2,86 trilhões, no estoque de empréstimos ante julho. Os dados oficiais serão divulgados pelo Banco Central (BC) na sexta.
Na comparação entre agosto e julho, o crescimento do estoque de crédito livre ficaria em 0,3% e do direcionado, em 1,8%.
“Nas concessões de crédito, o desempenho é mais favorável na média diária, em linha com a sazonalidade positiva do mês, após a influência sazonal negativa de julho”, informa a Febraban. Na média diária de desembolsos, o crédito com recursos livres cresceu 5,5% em agosto, ante julho, e o direcionado, 13,6%, de acordo com a projeção.
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