As pequenas e médias instituições financeiras pretendem melhorar e integrar a gestão de riscos dos negócios nos próximos três anos. Na Europa e nos Estados Unidos por força de legislação e de acordos internacionais já há a obrigatoriedade de integração de programas (softwares) para evitar riscos ao setor financeiro.
No Brasil, o Banco Central ainda não estabeleceu prazos ou exigências para que as instituições nacionais se adaptem a regulação internacional. “As instituições financeiras passaram muitas mudanças nos últimos cinco anos, um desses desafios é a questão da liquidez, que sempre foi importante. Nossa pesquisa realizada no ano passado mostra que 52% pretendem elevar o perfil de gerenciamento de risco por toda a organização”, afirmou Marcello de Francesco, representante da consultoria Deloitte Touche Tohmatsu, em Fórum de Integração da Gestão de Riscos nos Negócios realizado ontem pela Associação Brasileira de Bancos Comerciais (ABBC), em São Paulo.
O executivo argumenta que as mudanças necessárias no atual momento são oriundas da legislação e pela pressão dos investidores e acionistas pela manutenção das margens e rentabilidade.
Ele diz que há demandas na área de capital pela melhoria do ROE (retorno operacional), assim como o consumo otimizado de capital e a redução em perdas.
“O que é importante para o acionista? Receitas e redução de riscos e não se pode consumir muito capital na atividade. Mas não dá para falar de risco, sem falar de estratégia. Qual a visão impulsiona a organização? Quais são os princípios que permitem a organização criar valor?” questionou Francesco aos participantes do fórum da ABBC, entidade presidida por Manoel Felix Cintra Neto, presidente do Indusval.
Francesco contou que a crise financeira mundial afetou a rentabilidade das instituições desde 2008 em diferentes partes do mundo, inclusive no Brasil. “Na Espanha tínhamos 90 bancos antes da crise, hoje são menos de 15″, alertou. Segundo a pesquisa realizada em 2013, 65% consideram o aumento do custo de compliance (controle) entre os principais desafios para os próximos três anos, assim como 37% das instituições estão preocupadas em manter o elevado nível de liquidez no período. “No Brasil, as principais instituições já estão se mobilizando para melhorar e integrar a gestão de risco com outras áreas”, apontou.
Outra pesquisa global da Deloitte realizada com 86 instituições financeiras em 2013 também mostrou que 40% dos bancos também estão preocupados com a gestão da informação. “O problema não é só tecnológico, é também de governança e isso está mexendo com o poder dentro das organizações. Hoje há vários baldinhos de dados nas instituições, o gera incapacidade de uma visão única do cliente. É um efeito espaguete, cada estrutura dentro das instituições vai fazendo um puxadinho. E isso não é só no Brasil, é no mundo, todos estão no mesmo barco”, diz Fausto Novaes, representante da Teradata.
Ele contou que não é raro, às vésperas da divulgação de um balanço, as áreas financeira e fiscal apresentarem números diferentes. “Tanto bancos internacionais como nacionais estão adotando conceitos analíticos e reescrevendo seus sistemas, para fazer as coisas de forma simultânea”, diz.
O executivo diz as mudanças solicitadas pelos bancos podem demorar até um ano para desenvolver o modelo. “Lá fora, os bancos querem que as mudanças sejam feitas em até três meses, os mais ousados pedem um mês”, criticou o profissional da Teradata ao mencionar o desconhecimento das áreas de negócios sobre a necessidade de prazo das áreas de tecnologia para entregar o modelo de gestão de risco.
Entre os exemplos recentes de aprimoramento de gestão, Francesco citou que um presidente de um grande banco global com atividades no Brasil também passou a acumular funções de planejamento estratégico. “A voz do CEO executivo precisa ser escutada e ter peso dentro da organização”, considerou.
Francesco diz que além das preocupações anteriores com risco de crédito e de mercado, os bancos também estão se preocupando mais com riscos regulatórios, socioambientais e de responsabilidade corporativa. “Sem tecnologia hoje, os bancos não conseguem mais trabalhar, se transformou um pilar central, portanto a área de risco deve se envolver nesses assuntos”, recomendou. “Quando se faz gestão de risco se tem tranquilidade para crescer. É como um freio de alta performance que te dá segurança para acelerar”, contextualizou.
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