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Bancos buscam reabilitar o rotativo dos cartões

por: Afonso Bazolli
em: Crédito
fonte: Valor Econômico
31 de julho de 2013 - 18:06

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Por: Felipe Marques

Os dois maiores bancos privados do país, Itaú Unibanco e Bradesco, estão unidos por uma cruzada comum: reabilitar a imagem do crédito rotativo nos cartões. A missão, que promete não ser fácil, faz parte da estratégia necessária após as reduções de taxas de juros do ano passado.

Em 2012, Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal reduziram as taxas de juros da malquista linha de crédito via cartão. A ressalva é que, no caso do Itaú, o corte não valeu para toda a base, somente para os correntistas que adotaram o Itaucard 2.0, que tem uma metodologia diferente dos demais para a data de cobrança de juros. Agora, o desafio é encontrar formas de compensar essa “bondade”.

A aposta das instituições é que, com juros menores, o rotativo deixe de ser a última opção de quem se financia e passe a ser uma alternativa viável aos consumidores. A linha rotativa era a mais cara entre as formas de crédito à pessoa física. No longo prazo, o resultado seria um aumento de volumes de crédito desembolsados, ajudando a compensar os juros menores.

“A nova taxa do cartão torna o produto mais atrativo. Essa é uma linha que vinha caindo em desuso. Os clientes devem passar a usar mais”, afirmou Luiz Carlos Angelotti, diretor de relações com investidores do Bradesco, na divulgação de resultados do banco. Em novembro, o banco reduziu as taxas do rotativo do cartão de 14,9% ao ano para 6,9% ao ano. A medida pode ter impacto negativo no lucro líquido deste ano em torno de 2% e 3%, estima a instituição.

Em 2012, quando lançou o Itaucard 2.0, o Itaú fez declarações na mesma linha. “Estamos abrindo mão de 50% de margem [da área de cartões] em um primeiro momento, e que pode ser minimizado a até 30% se houver um aumento da propensão do cliente a se financiar pelos cartões”, disse Márcio Schettini, vice-presidente responsável pela área de varejo do banco.

“Depois das reduções de juros do ano passado, em alguns portfólios de bancos, as taxas do rotativo são comparáveis às do cheque especial, ou até mesmo às do empréstimo pessoal”, afirma José Tosi, sócio-consultor da consultoria Go On, especializada em crédito. “A flexibilidade do rotativo do cartão na hora de escolher quanto se paga da fatura lhe dá a vantagem nesses casos.”

Os dados de crédito do Banco Central até março mostram que o rotativo do cartão tem ganho preferência sobre o cheque especial, outra linha de financiamento emergencial. Tradicionalmente, o começo do ano é a época em que o uso desse tipo de modalidade fica mais comum, dado o acúmulo de obrigações para a pessoa física no período. No primeiro trimestre, foram desembolsados R$ 66,69 bilhões em crédito rotativo de cartões, crescimento de 73,4% na comparação com igual período no ano passado. No cheque especial, as concessões somaram R$ 76,14 bilhões, avanço de 0,1%.

“O rotativo vai precisar passar por um processo longo de aculturação para perder o estigma do passado”, diz o consultor de varejo financeiro Boanerges Ramos Freire. “O que já vem aumentando são linhas que permitem o parcelamento da fatura do cartão.”

O parcelamento da fatura reúne numa linha todos os débitos que o cliente tem no cartão, com prazo fixo e juros menores que os do rotativo. A modalidade vem sendo usada pelos grandes bancos como forma de trazer uma rentabilidade de mais longo prazo para a operação de cartões, relataram ao Valor executivos dos principais bancos privados. Embora os juros sejam menores, o benefício viria da diminuição da inadimplência e do alongamento do prazo da carteira de crédito em cartões.

O rotativo tem inadimplência monumental: 33,57% em março, a maior dentre todas as modalidades da pessoa física. O cheque especial tem uma taxa de 7,79%. Já as linhas de crédito com juros no cartão, operações que incluem o parcelamento de fatura, têm taxa de atrasos de 4,92%. Por isso, quando notam que o cliente está há mais de 60 dias no rotativo ou tem um débito grade em determinado mês, os bancos oferecem o parcelamento via gerente, caixa eletrônico, internet banking ou apresentam a opção na própria fatura.

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