Os bancos brasileiros estão intensificando a atuação no crédito consignado, por meio de promotoras e correspondentes bancários, e o setor está enviando ao governo propostas que poderiam dinamizar um mercado ainda subexplorado no país.
Mesmo com tropeços localizados em regiões como os Estados do Rio de Janeiro e Roraima, cujos atrasos de salários do funcionalismo têm afetado diretamente essas operações, os bancos ainda veem o consignado como o melhor caminho para evitar uma retração ainda maior de suas carteiras totais de empréstimo e ao mesmo tempo controlar a escalada de seus índices de inadimplência.
Banco do Brasil e Banco Votorantim puseram recentemente em marcha a Promotiva, promotora cujo consignado é o carro-chefe e que tem gerado cerca de R$ 500 milhões por mês em novos financiamentos.
O Banco Pan, cuja atuação no consignado é concentrada em promotoras e em correspondentes bancários, acelerou em junho a geração de novos empréstimos com desconto em folha de pagamento da média de R$ 800 milhões para R$ 900 milhões por mês, disse à Reuters uma fonte a par do assunto.
Em outra frente, o BB e Bradesco estão em fase de testes de um piloto para vender consignado por meio do Ibi, sob o guarda-chuva da Elopar, no qual dividem o controle.
O índice de inadimplência com mais de 90 dias no segmento de consignado era de 2,3% em maio, enquanto o índice médio do sistema bancário para crédito com recursos livres foi de 5,9%. Em maio o consignado respondia por cerca de 37% do estoque de R$ 800 bilhões de crédito ao consumo do sistema, segundo o BC.
Diante disso, os bancos têm buscado caminhos para ampliar o serviço. Um avanço nesse sentido veio nesta semana com a aprovação pela Câmara dos Deputados e pelo Senado do projeto que permite a trabalhadores do setor privado oferecerem como garantia do empréstimo consignado em folha parte dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e da multa rescisória.
Nova proposta
Em paralelo, outra iniciativa está em andamento. Na semana que vem, o setor enviará ao Banco Central um conjunto de propostas de mudanças que, segundo os apoiadores do projeto, permitiria explorar melhor as potencialidades do consignado. De maneira geral, a ideia é criar mecanismos que permitam uso em larga escala do produto também para trabalhadores do setor privado.
Segundo dados do BC, em maio 93,5% do estoque de R$ 282 bilhões do crédito consignado estava distribuída entre funcionários públicos e aposentados.
Entre os pleitos do conjunto de propostas, está o de que o BC reduza exigências de alocação de capital para operações no setor. Outras dependem de aprovação legislativa.
“Isso pode aumentar a oferta de crédito ao consumo de 20% a 25% nos próximos cinco anos e criar cerca de 50 mil empregos no país”, disse à Reuters uma outra fonte diretamente a par do assunto e que pediu para não ser identificada.
(Edição Alberto Alerigi Jr. e Alexandre Caverni)
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