Por: Beth Koike

Em meio às restrições do Fies, o financiamento estudantil do governo, a gestora de crédito estudantil Ideal Invest fez uma parceria com o banco Votorantim para oferta de crédito universitário. O Votorantim liberou R$ 70 milhões para financiar estudantes de graduação a partir do segundo semestre de 2017. “Esse valor é para uma primeira fase da parceria, não é um limite. Temos condições para suportar uma quantia maior”, diz Gabriel Ferreira, diretor executivo de varejo, marketing e inovação digital do banco Votorantim.

O presidente da Ideal Invest, Carlos Furlan, pontua que, com a parceria, a gestora passa a ter mais uma fonte de recursos para atender a demanda de financiamento estudantil privado, que cresceu cinco vezes do ano passado para cá devido às restrições do Fies. Atualmente, a Ideal Invest capta recursos por meio de um FDIC, que tem cerca de 120 investidores e um patrimônio de R$ 412 milhões. A última captação, feita em setembro, levantou R$ 100 milhões. “Com a parceria com o Votorantim, teremos mais uma fonte de recursos que não está tão suscetível ao humor do mercado”, explica Furlan.

Além disso, a gestora tem outros R$ 400 milhões provenientes de recursos pagos pelos estudantes. No modelo da Ideal, o aluno paga 50% da mensalidade durante o curso e a outra metade nos quatro anos seguintes à formatura. Cerca de 80 mil estudantes obtiveram o financiamento privado da Ideal Invest que, hoje, é a única gestora de crédito universitário no país.

Devido ao “boom” do Fies entre 2010 e 2014, com juros e prazos subsidiados pelo governo, o mercado privado de financiamento estudantil não avançou. Uma das dificuldades para desenvolvimento deste mercado é a falta de garantia real como acontece, por exemplo, em financiamentos de automóvel ou imobiliário. “Estávamos querendo diversificar nossa área de varejo e o crédito universitário é um mercado com forte potencial. Optamos pela parceria com a Ideal porque não temos o custo do aprendizado”, diz o diretor do banco Votorantim.

A Kroton e a Ser Educacional têm programas de crédito universitário, mas ambas usam dinheiro do caixa para uma atividade que não é a principal das companhias. A Kroton negocia desde o ano passado uma parceria com um banco para o desenvolvimento de um programa de financiamento estudantil. A Ideal Invest tem como sócios o Banco Itaú, a IFC (braço do Banco Mundial) e o fundo Victoria Capital, além do grupo de fundadores e investidores-anjo que detém o controle da empresa.

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