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Avanço do consignado não tira crédito da estagnação

por: Afonso Bazolli
em: Crédito
fonte: Valor Econômico
07 de dezembro de 2014 - 14:06

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Por: Alex Ribeiro e Eduardo Campos

O volume de empréstimo com desconto em folha de pagamentos concedido pelos bancos voltou a reagir em outubro, favorecido pelas mudanças nas regras que permitiram prazos mais longos nessas operações, mas seu avanço foi insuficiente para tirar o mercado de crédito livre da estagnação.

Entre setembro e outubro, o estoque de crédito consignado cresceu 1,4%, para R$ 248 bilhões, segundo estatísticas divulgadas pelo Banco Central (BC). No período imediatamente anterior, o avanço havia sido de 0,6%.

Entre setembro e outubro, o crédito livre cresceu apenas 0,2%, abaixo do 0,7% observado no mês imediatamente anterior. O crédito total, porém, aumentou 0,8%, para R$ 2,926 trilhões, ou 57,3% do PIB, sustentado pelo crédito direcionado, que apresentou incremento de 1,5%.

O novo vigor do crédito consignado se deve, sobretudo, à autorização do governo, em fins de setembro, para que os bancos façam esses empréstimos com prazos mais longos. No caso de operações com beneficiários do INSS, o prazo máximo permitido aumentou de 60 meses para 72 meses; no crédito para funcionários públicos, a ampliação foi de 60 meses para 96 meses.

A permissão para alongar prazos teve efeitos quase imediatos sobre os desembolsos para o consignado. As concessões aumentaram 45,6% em outubro ante setembro, chegando a R$ 17,214 bilhões.

Entre julho e agosto o BC havia também desmontado as exigências de mais capital dos bancos que fazem crédito com desconto em folha de pagamento de maior prazo. As medidas, adotadas em fins de 2010, visavam conter a escalada de riscos assumidos pelo sistema financeiro com o alongamento dos prazos.

O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, disse que o aumento das concessões reflete, em grande medida, a renegociação de empréstimos antigos de menor prazo para operações mais longas.

O prazo médio das concessões de consignados para beneficiários do INSS subiu de 57,6 meses para 68,3 meses de setembro para outubro. No caso das operações com funcionários públicos, saltou de 64,5 meses para 76,9 meses.

O BC não teme que o aumento dos prazos leve a uma nova onda de inadimplência. “A taxa de inadimplência nas operações de crédito consignado está entre as menores do mercado de crédito”, disse Maciel. Para ele, o aumento do grau de educação financeira das famílias e o maior controle dos bancos tendem a suavizar os impactos da inadimplência.

O pacote de medidas adotado pelo BC para estimular o crédito entre julho e outubro teve, até agora, efeito modesto nas demais linhas. No caso dos financiamentos para a aquisição de veículos, um dos setores mais dinâmicos do mercado de crédito nos anos anteriores, houve um recuo pelo nono mês consecutivo no estoque. No mês passado, a retração foi de 0,1%.

“Podemos dizer que, depois de registrar taxas de crescimento negativo nos últimos meses, o financiamento de veículos parou de cair”, disse Maciel. Ele pontuou que o volume de concessões aumentou 10,6% no trimestre encerrado em outubro.

Já as operações de crédito livre contratadas com empresas recuaram 0,2% em outubro, ante setembro. “É um reflexo da atividade econômica”, disse Maciel, referindo-se ao baixo crescimento da economia, que contém investimentos e demais operações das empresas.

Maciel reconheceu que, com a retomada do ciclo de aperto monetário em outubro, o mercado de crédito poderá apresentar nova moderação. Segundo ele, a alta do juro básico tende a aumentar os custos do crédito aos tomadores e reduzir os volumes contratados. “É um processo lógico”, disse.

Em outubro, a taxa média do sistema subiu a 21,3% depois de dois meses de queda. Já as pessoas físicas pagaram juro médio de 44%, máxima da série histórica.

Em outubro, o estoque de crédito nos bancos públicos subiu 1,3%, para R$ 1,562 trilhão, ou 53% do mercado. Os bancos privados nacionais ampliaram sua carteira em 0,4% no mês passado, para R$ 936,243 bilhões. Os privados estrangeiros também ampliaram a carteira em 0,4%, para R$ 427,436 bilhões.

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