Número de consumidores que pagam as contas com o dinheiro de plástico chega a 36,4%; economistas alertam sobre as altas taxas de juros
No momento de pagar as dívidas, o consumidor brasileiro não tem dúvida: utiliza o cartão de crédito. É o que aponta uma pesquisa realizada pela Federação de Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomercio-RJ). De mil pessoas entrevistadas, 364 afirmaram que usam o ‘‘dinheiro de plástico’’ para quitar dívidas, uma alta de 41,6% em comparativo ao mesmo período do ano passado. O resultado inclui informação sobre pagamento à vista e parcelado com a cobrança de juros.
No Paraná, um levantamento desenvolvido pela Fecomércio do Estado mostra que 87,3% dos curitibanos estão endividados. Destes, 50% possuem dívidas no cartão de crédito, superando de longe outras opções, como financiamento de carro (27,2%) e de casa (11,1%).
Para o professor de economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Adilson Volpi, esta decisão tomada pelo consumidor é extremamente complicada. Num dos casos, como para pagamento de boletos bancários por exemplo, algumas instituições cobram taxas para efetuar o pagamento com cartão. ‘‘Esta taxa por si só pode ser mais elevada do que os juros cobrados pelo pagamento do boleto atrasado. É preciso fazer esta conta antes do pagamento’’, relata Volpi.
O economista compara esta manobra como uma espécie de financiamento. Mas com um detalhe: correndo o risco, no caso de não quitar integralmente a fatura no mês posterior, de pagar a taxa de juros considerada a ‘‘mais cara do mundo’’. ‘‘A taxa varia de 6% a 10% ao mês no País’’, salienta o professor.
Geralmente, quem está utilizando o cartão desta forma já está pensando em protelar um dívida que não está conseguindo liquidar. Volpi explica que muitas vezes é mais interessante negociar o que está devendo, do que ‘‘repassar o problema para o cartão’’. ‘‘Quando chega neste ponto, o consumidor está descontrolado. Vejo isso quase como um caráter suicida, na qual há uma maior possibilidade de potencializar o problema do que resolvê-lo’’.
Para o especialista, o cartão de crédito é uma ferramenta interessante para quem está controlado financeiramente. Ele funciona como um facilitador das compras, evitando certas burocracias com o comércio. ‘‘O problema, é que a minoria dos brasileiros sabe usá-lo de forma correta e acaba entrando em dívidas gigantescas’’, conclui.
Paraná
A pesquisa feita pela Fecomércio-PR também mostra outras características dos consumidores curitibanos. Uma delas é que dos entrevistados endividados, 47,1% possuem dívidas acima de 10 salários mínimos.
Em relação ao comprometimento da renda para o pagamento destas dívidas, 80% afirmam que elas estão tomando de 11% a 50% do que ganham mensalmente. 35,8% estão comprometido com tais pendências por mais de 12 meses.
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