O estoque de crédito no Brasil acelerou em agosto, junto com redução dos spreads bancários e taxas de juros, levando o Banco Central a melhorar sua expectativa de expansão desse mercado para 2012, puxada pelos bancos públicos. Mesmo assim, a inadimplência continua não cedendo.
Por: Tiago Pariz
No mês passado, o estoque cresceu 1,2% sobre julho, acima da alta de 0,7% vista naquele mês. Com isso, o número chegou a 51% do Produto Interno Bruto (PIB), ou R$ 2,21 trilhões.
Agora, a autoridade monetária prevê que o mercado de crédito no país será de 16%, um pouco acima dos 15% de antes. Essa alta deve ser puxada pelos bancos públicos, graças ao aumento na participação nos financiamentos imobiliários.
Para o BC, os estoques de crédito dos bancos públicos crescerão 24% neste ano, acima dos 21% esperados antes. Já para as instituições privadas nacionais e as estrangeiras, as projeções de crescimento foram mantidas em 10% e 13%,respectivamente. “(A projeção) reflete uma postura dos bancos públicos que, diante das incertezas, têm sido mais atuantes na concessão de crédito do que os privados”, afirma o chefe do departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.
O governo tem colocado os bancos federais, como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, na linha de frente para forçar os concorrentes privados a reduzirem as taxas de juros e os spreads bancários, considerados muitos elevados.
Para a economista da Tendências Consultoria, Mariana Oliveira, esse crescimento não traz riscos se as instituições estiverem mantendo as regras rígidas de concessão de crédito. “O aumento de crédito com afrouxamento da análise de risco, seria prejudicial. Mas o crescimento tende a ser baseado em linhas de crédito de maior qualidade, com maiores garantias, como o consignado e o imobiliário, o que não acarretaria problemas muito elevados”, afirma.
Na visão do BC, o mercado de crédito acompanhado de redução da taxas de juros e dos spreads torna-se mais sustentável. “O crescimento do mercado de crédito ocorreu num ambiente de redução das taxas de juros e dos spreads bancários”, afirmou Maciel.
Os spreads (diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetivamente cobrada ao consumidor final) atingiram22,5 pontos percentuais em agosto, queda de 0,5 p.p. sobre o mês anterior, em linha com os esforços do governo de reduzir essa taxa.
O maior movimento foi registrado no segmento de pessoas físicas, com retração de 0,7 ponto, para 27,7 p.p.. Para pessoa jurídica, a redução foi a 15,7 p.p..
Também a fim de estimular a oferta de crédito na economia e contribuir para a redução dos juros e do spread, o BC reduziu, em meados de setembro, as alíquotas do compulsório bancário sobre depósitos à vista e a prazo, injetando na economia cerca de R$ 30 bilhões.
Por conta desse movimento, o mercado passou a avaliar que o BC não fará mais cortes na Selic, hoje em 7,50%. Na parcial de setembro até o dia 14, no entanto, o spread teve ligeira alta de 0,1 ponto, para 22,6 p.p..
Já as taxas médias de juros, em agosto, recuaram 0,6 ponto a 30,1%, reforçando menor nível histórico. O juros para pessoa física caíram 0,6 ponto, para 35,6% também recorde de baixa. Já para empresas, a queda foi de 0,5 p.p, para 23,1%. Na parcial de setembro, as taxas permaneciam estáveis em relação a agosto.
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