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Lucro do Itaú avança 22%, mas taxa de inadimplência piora

por: Afonso Bazolli
em: Cobrança
fonte: Valor Econômico
05 de agosto de 2015 - 18:08 - atualizado em 06 de agosto de 2015 às 0:08

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Por: Felipe Marques, Fabiana Lopes e Daniela Machado

Os resultados do Itaú Unibanco, divulgados ontem, apontaram as dificuldades enfrentadas por empresas e famílias que têm dívidas para pagar. Assim como aconteceu com o Bradesco na semana passada, a piora na taxa de inadimplência das operações de crédito do banco foi superior ao que estimavam analistas.

Essa nova surpresa negativa em termos de calotes acabou tendo reflexos na bolsa: as ações dos quatro principais bancos listados em pregão fecharam no vermelho ontem. A queda reflete o temor de investidores de que a piora na qualidade de crédito se intensifique de agora em diante.

No Itaú, o índice de inadimplência subiu para 3,3% no fim do segundo trimestre, ante 3% em março, mas está abaixo do visto em junho de 2014 (3,4%). O percentual teria sido maior caso a venda extraordinária de uma carteira de crédito não tivesse ajudado a melhorar a taxa de calotes neste ano.

O avanço em calotes, porém, não impediu que a instituição financeira presidida por Roberto Setubal tivesse lucro líquido contábil de R$ 5,98 bilhões no segundo trimestre, avanço de 22,1% na comparação anual. O retorno sobre patrimônio do banco foi de 24,8%, em termos recorrentes.

O banco fez questão de pontuar que o risco de piora da inadimplência tende a persistir nos próximos trimestres. “Temos expectativa de uma leve subida da inadimplência daqui até o fim do ano. Na pessoa física, a alta está ligada ao desempenho da economia e ao desemprego; no caso das empresas, alguns casos grandes podem levar a essa alta”, afirmou Marcelo Kopel, diretor de relações com investidores do banco, em teleconferência com jornalistas. No primeiro trimestre, o executivo já havia sinalizado o aumento dos atrasos.

Na semana passada, o Bradesco afirmou que espera “relativa estabilidade” no índice de calotes daqui para frente.

“O resultado operacional do Itaú veio 2,2% acima da nossa estimativa, com ajuda do resultado líquido de juros (NII, na sigla em inglês)”, afirmam analistas do Goldman Sachs em relatório. “Mas a qualidade dos ativos teve uma clara virada para pior. Enquanto no lado das empresas há espaço para uma melhora limitada na segunda metade do ano, nós esperamos mais fraqueza do lado do consumidor.”

No segundo trimestre, o aumento da inadimplência foi mais acentuado entre as empresas, embora a pessoa física não tenha passado ilesa. Na pessoa jurídica, o índice subiu para 2,2% em junho, depois de ficar estável em 1,8% desde junho do ano passado. Nas famílias, foi para 4,6%, ante 5,2% um ano antes e 4,5% em março.

A piora da taxa de calotes, porém, foi atenuada pelo fato de o Itaú ter tirado de seu balanço uma operação de crédito de R$ 1,08 bilhão “referente a um grupo econômico específico” que estava inadimplente e tinha “expectativa de recuperação remota”, segundo relatório de resultados da instituição. O crédito foi vendido para uma empresa ligada ao banco, sem que o Itaú informasse exatamente qual. Não fosse essa venda, a inadimplência do banco teria ido a 3,5% no total e a 2,6% na pessoa jurídica.

Kopel afirmou que a venda se tratou de um caso “específico”, que o banco não tem planos de vender outras carteiras de crédito e que não foi uma operação “corriqueira”. O banco não detalhou em qual setor estava a empresa que tomou esse empréstimo, apenas que o crédito já estava integralmente provisionado e a venda não trouxe impacto em resultados.

No segundo trimestre, o banco conseguiu combinar desempenho da tesouraria, crescimento de despesas abaixo da inflação e aumento na margem das operações de crédito para superar os calotes e a retração do crédito. De abril a junho, o banco teve ganho de R$ 1,6 bilhão em tesouraria, após o forte resultado de R$ 1,9 bilhão nos três primeiros meses do ano. Isso fez com que, no semestre, o crescimento dessa receita fosse de 130% em relação ao ano passado.

Por outro lado, o estoque total de financiamentos do banco – incluindo avais e fianças – terminou o trimestre em R$ 566,6 bilhões, 2,1% menor que no primeiro trimestre e 9,3% maior que o mesmo período do ano passado.

“Sem crescer o crédito, é mais difícil gerar resultado e, por isso, temos trabalhado em serviços e eficiência”, disse Kopel. “As alavancas para gerar resultado são limitadas em ambiente de retração econômica.”

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