Entre 2003 e 2014, o número de matriculados em universidades ultrapassou a marca de 7,3 milhões, dos quais 71,4% dos alunos de graduação estudam em instituições privadas. Já os brasileiros que deixaram de recorrer ao Serviço Único de Saúde (SUS) por atendimento na rede privada somava mais de 50,7 milhões no ano passado. E o setor de seguros registrou alta de 17%, mesmo em cenário de crise.

No entanto, os reflexos da estagnação econômica, provocada pelo aumento do desemprego, alta de juros, inflação e cenário político, impactou o desempenho de tais setores que, entre outros motivos intrínsecos, tiveram de criar novas práticas para lidar com um aumento constante da inadimplência.

José Augusto Rezende, diretor da JA Rezende; Carlos Eduardo Mello, head de Gestão de Risco na Ideal Invest; Júlio César Vieira, coordenador de Operações Financeiras do Hospital Sírio-Libanês; e Túlio Carvalho, superintendente executivo de Riscos Especiais do Grupo BB Mapfre, discutiram as novas perspectivas da cobrança na 11ª edição do Congresso Nacional de Crédito e Cobrança da CMS People. A saída para os três segmentos é investir no aprimoramento de análise de crédito, a fim de rever processos.

Apesar da carteira de R$ 30 bilhões de crédito estudantil, a maior parte concedida pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), a redução do número deste tipo de contratos apresentou uma boa oportunidade para a Ideal Invest. “É um cenário muito positivo para nós, mas diante da crise, estamos bem criteriosos e tentando nos reinventar na cobrança”, afirma Mello.

Como 40% dos clientes têm menos de 21 anos e não têm renda, a solução para aprovar o financiamento é exigir um garantidor voluntário, que se comprometerá com o pagamento da mensalidade em caso de atrasos.

Já em relação à cobrança, a inovação foi investir em comunicação. “Promovemos campanhas anuais para oferecer descontos e implantamos regras preventivas. Dois dias antes do vencimento, enviamos SMS para lembrar o cliente, medida que impulsionou queda de 10% da inadimplência”, continua o head de Gestão de Riscos.

Saúde

A área de saúde responde, segundo Júlio Vieira, por 9% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. “Devido ao aumento do emprego formal, a saúde privada chegou a atingir 14% de crescimento anual, com 50 milhões de beneficiários. Mas ao que tudo indica, a quantidade de usuários agora vai estagnar”, acredita o coordenador do Hospital Sírio-Libanês, que especula recuperação do segmento apenas no segundo semestre de 2016.

“Em relação à inadimplência, o problema é que admitimos pacientes sem saber quanto tempo ele poderá ficar internado”, aponta Vieira. Exceto nos casos de emergência, quando o hospital é obrigado a prestar atendimento sob risco de processo judicial por omissão de socorro, a coordenação incorporou análise preventiva do caso do paciente, a fim de evitar inadimplência e superendividamento do paciente e familiares. “Por meio da análise é possível passar um valor do tratamento. Este tipo de orçamento ganhou força em 2015 em hospitais, que passaram ainda a parcelar o tratamento em até 10 vezes”, conclui Vieira.

Seguros

Participação em feirões de negociação, nova política de desconto, abatimento de multa e juros e possibilidade de fazer concessões. A equipe do Grupo BB Mapfre está se adaptando à nova realidade dos clientes para atuar de forma mais incisiva e aderente ao mercado. “Estamos tentando, dentro do possível, contribuir efetivamente com inadimplente”, afirma Túlio Carvalho.

Para tanto, a cobrança é atribuída aos corretores, que recebem comissões por êxito, e grupo lançou novos produtos. “Agora oferecemos contrato de vigência semestral, que pode ser parcelado em até cinco vezes”, finaliza Carvalho.

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