O ano de 2015 promete ser de decisões difíceis para empresas brasileiras de vários setores, enquanto procuram contornar a piora do perfil de endividamento com uma série de ferramentas que incluem repactuação de limites de dívida.
Após anos seguidos de baixo crescimento das receitas, agora o meio corporativo começa a sentir os efeitos da alta conjunta do juro básico do país e do dólar contra o real, os dois principais referenciais de correção de seus passivos.
O resultado é o aumento da relação dívida/receita ou dívida/Ebitda, ou lucro operacional antes de impostos, juros, depreciação e amortização. Um desdobramento desse quadro é a piora na classificação de risco de crédito, o que agrava as condições das empresas para tomar recursos no mercado.
Em 2014, a agência de classificação Fitch cortou os ratings de 15 empresas que avalia no Brasil, ante apenas quatro elevações de nota. Trinta e sete companhias estão com o rating principal em perspectiva ou observação negativa, contra apenas nove na direção positiva.
“Vai ser um ano bastante desafiador para as companhias, repetindo a grande movimentação negativa de ratings que já aconteceu em 2014″, disse o diretor sênior da Fitch para avaliação de empresas, Mauro Storino.
Os casos mais sérios são de empresas elétricas, de commodities e de construção pesada que, além do ambiente global mais adverso, também enfrentam fatores pontuais bastante negativos.
Outra consequências desse cenário é que algumas estão perto de romper limites de endividamento que prometeram obedecer quando venderam títulos a investidores, os chamados covenants.
Para evitar punições contratuais, as companhias estão buscando alternativas. Uma delas é repactuação dos covenants, mecanismo em que o detentor de um bônus ou de uma debênture aceita receber uma espécie de prêmio se concordar com limites de dívida menos apertados da emissora.
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