Por: Rejane Tamoto

A inadimplência está estabilizada no patamar de 3% – em boa parte por um crescimento menor do crédito – mas não deixa de ser alvo de estudos constantes. E quem dedica atenção a esse tema e assuntos correlatos é o IBeGI (Instituto Brasileiro de Estudos e Gestão da Inadimplência), entidade criada há dois anos com o objetivo de propiciar um espaço de discussão independente no segmento de ativos financeiros por meio de estudos, análises e reflexões para executivos do segmento de dívida. Além da colaboração de articulistas, a entidade é mantida por empresas de recuperação de crédito e cobrança, gestão de crédito e de prevenção à fraude na concessão. O instituto já reuniu análises de mais de 80 especialistas para a edição de quatro livros. A quarta publicação, que terá como tema a modelagem de crédito, será lançada e distribuída em maio e terá novos colaboradores, como Roberto Jabali (superintendente do Citibank), Ana Carla Abrão Costa (diretora de modelagem e pesquisa do Itaú Unibanco), o economista e professor Roberto Luis Troster, entre outros.

Segundo Jaime Enkim, conselheiro do IBeGI, o objetivo é discutir o quanto a modelagem de crédito (ou credit score) impacta a aprovação e, posteriormente, a recuperação do crédito e o que ela representa no resultado final das empresas. A modelagem, explica Enkim, é uma análise comportamental do consumidor que busca um empréstimo ou financiamento. “Nela a renda não é o mais importante, mas onde a pessoa mora, qual a sua profissão, onde estuda e se paga as contas em dia. São muitas as variáveis e cada informação tem um peso. Na somatória delas, a empresa tem um perfil de risco desse cliente e decide se aprova ou nega o crédito”, explica o conselheiro. Enfim, a ideia é encontrar soluções para a concessão de um crédito saudável, algo que as instituições financeiras podem fazer para reduzir a inadimplência.

Além dos livros, que são distribuídos gratuitamente, Enkim diz que o IBeGI promove cursos e treinamentos para executivos financeiros da área de crédito e risco. Segundo ele, os eventos abordam temas que foram levantados junto às empresas, que abordam desde a parte operacional da concessão, venda de carteira e o crédito como ferramenta para o crescimento sustentável. “Aplicamos um game que replica a vida real da empresa ao simular o segmento que ela escolheu, a região, a aprovação e a inadimplência. Com esse processo, os executivos conseguem ver o dia a dia e os erros que podem cometer, inclusive na área de marketing, quando querem entrar em segmentos sem realizar previamente testes regionais. Um exemplo é a concessão de crédito para a classe D”, explica. O conselheiro diz ainda que os treinamentos e cursos duram em média 16 horas e podem ser feitos em até quatro dias. Eles são voltados para os pequenos e médios varejistas, que geralmente não têm acesso ao serviço terceirizado de consultorias especializadas, tampouco executivos treinados como as grandes companhias costuma ter.

Com ações voltadas aos empresários e profissionais da área de crédito, outro projeto do IBeGI para reduzir a inadimplência é promover a educação financeira e alcançar a pessoa física, em especial os jovens, as donas de casa e os idosos. Vicente de Paula Oliveira, economista e membro do conselho do IBeGI, diz que a entidade busca patrocinadores para confeccionar cartilhas para serem distribuídas gratuitamente em estações de metrô e locais de grande circulação de pessoas. “Os jovens têm de aprender a lidar com dinheiro, a dona de casa precisa fazer a gestão das finanças domésticas e o idoso deve aprender a tomar cuidado com o crédito consignado. Nosso objetivo é elaborar oito cartilhas, cada uma com um tema. Alguns deles são a elaboração do orçamento familiar, planejamento e consumo consciente”, completa Oliveira.

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