Por: Eduardo Cucolo
Quase metade dos brasileiros com dívida no rotativo do cartão de crédito, a linha de financiamento mais cara do sistema financeiro, tem renda mensal de até três salários mínimos (R$ 2.364).
O dado faz parte do Relatório de Inclusão Financeira do Banco Central de 2015, que mostra o cenário no fim de 2014. O estudo mostra que 45% dos endividados no rotativo estavam na faixa de até três salário mínimos.
A inadimplência nessa faixa chega a 47%, acima da média de 37% entre todos os tomadores desse crédito.
Fonte: Relatório de Inclusão Financeira do Banco Central 2015, com dados de dezembro de 2014
Para o BC, o avanço da renda na última década levou grande parte da população a ter acesso a cartões. “No entanto, muitos consumidores não encontram equilíbrio no uso do cartão, que ora é um mero instrumento de pagamento, ora um instrumento de dívida, levando a situações onerosas de endividamento e inadimplência”, diz o estudo.
Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo da Anefac (associação dos executivos de finanças), diz que o aumento dos juros e o do desemprego neste ano devem deixar esses consumidores ainda mais endividados no cartão.
Levantamento feito pela associação mostra que a principal destinação do 13º salário neste ano será para pagamento de dívidas no cartão de crédito. “É uma boa oportunidade para pagar essas dívidas. Mas não tem de esperar o 13º. Entrou no rotativo, procure o banco e negocie.”
ATRASO
A entrada no rotativo, na maioria dos casos, já configura uma situação de atraso. Essa dívida pode ser originada no pagamento atrasado de uma fatura ou quando o cliente não consegue quitar o mínimo obrigatório de 15% do gasto mensal. Quando o atraso supera 90 dias, o cliente se torna inadimplente.
Os juros do rotativo, que em setembro estavam em mais de 400% ao ano, em média, também incidem sobre os saques feitos no cartão de crédito. Quando o cliente paga o mínimo da fatura e parcela o restante, os bancos cobram uma taxa menor, de 129% ao ano, em média.
Em setembro deste ano, o estoque de dívidas no rotativo estavam em R$ 32,9 bilhões, 13% maior que um ano antes. Todas as linhas de financiamento ao consumo cresceram 4% no período.
Junto com o cheque especial, essa linha responde por cerca de 10% do crédito às famílias. “Essas modalidades, aparentemente pouco expressivas, merecem atenção especial, pois, apesar de apresentarem custo elevado, são de fácil acesso, o que facilita o endividamento”, diz o relatório do BC.
O estudo mostra ainda que, do total de 56 milhões de tomadores de crédito no final de 2014, considerando todas as modalidades, 34 milhões estavam na faixa de renda de até três salários.
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