Por: Felipe Marques
Ainda que falte mais de um mês para o Banco do Brasil divulgar seus resultados do segundo trimestre, analistas resolveram não esperar pelos números para piorar seus cenários para o banco. Alvejado em cheio pelo pedido de recuperação judicial da Oi, de quem é credor de R$ 4,6 bilhões, o BB foi ontem rebaixado pela agência de classificação de risco Fitch Ratings, que mencionou um peso maior que o esperado dos calotes corporativos no balanço do banco. A reestruturação da operadora de telefonia também fez com que os analistas do BTG Pactual cortassem em 25% suas estimativas para o lucro líquido do BB em 2016.
Embora não tenha mencionado a Oi, a Fitch deixou claro, em relatório, que foi a inadimplência de grandes companhias que a fez cortar a avaliação de viabilidade financeira da instituição de “bb” para “bb-”. Essa nota indica a qualidade de crédito intrínseca do banco, sem considerar fontes extraordinárias de suporte. Outras notas, como a probabilidade de inadimplência do emissor, foram reafirmadas.
De acordo com a Fitch, o rebaixamento reflete a avaliação de que eventos recentes de crédito no portfólio corporativo vão afetar a qualidade de ativos e a rentabilidade de uma forma maior do que esperava anteriormente, “exacerbando os desafios de médio prazo do banco com sua adequação de capital”, escreve a agência. Procurado, o BB não comentou.
Nas contas do BTG Pactual, a performance mais fraca do que previa para o banco no primeiro trimestre, combinada à recuperação judicial da Oi levaram a um corte de 25% na estimativa de lucro recorrente do BB para este ano, que caiu a R$ 7,7 bilhões. Se confirmada, a cifra representará 35% de queda na comparação com 2015.
Um resultado pior aumenta a preocupação sobre os índices de capitalização do banco. O indicador de capital principal do BB, aquele de melhor qualidade, encerrou março em 8,2% – acima do mínimo regulatório, mas abaixo dos demais grandes bancos. Para melhorar esse indicador, o BB reduziu neste ano de 40% para 25% o percentual do resultado distribuído em dividendos. Na visão do BTG, a baixa rentabilidade do banco (inferior a 10%) tende a anular o efeito positivo dessa medida.
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