Por: Vinícius Pinheiro e Felipe Marques
Pressionada por um aumento das despesas de captação e provisões contra calotes, a Caixa Econômica Federal registrou lucro de R$ 7,2 bilhões em 2015. O crescimento de 0,9% ante o resultado de 2014 foi o menor entre os maiores bancos brasileiros de varejo ano passado. O retorno sobre o patrimônio líquido médio da instituição foi de 11,4%, também o mais baixo dos grandes bancos em 2015.
Os sinais de deterioração ficaram mais evidentes no quarto trimestre, quando o banco registrou prejuízo operacional de R$ 303 milhões e uma queda de 64,7% no lucro líquido em relação ao mesmo período de 2014, para R$ 636 milhões. A carteira de crédito encerrou 2015 em R$ 679,5 bilhões, com avanço de 11,9%.
Único entre os grandes bancos a conseguir fazer seu portfólio de crédito crescer acima da inflação, a Caixa teve no ano um aumento de 30,5% nas receitas de crédito, somando R$ 88,6 bilhões. Os ganhos da tesouraria também cresceram expressivos 44,9%, para R$ 43,68 bilhões no ano. As duas linhas, porém, tiveram o desempenho corroído pelo salto nas despesas com provisão para calotes (PDD), que subiram 49,4% no ano para R$ 19,76 bilhões, e pelo avanço de 43% nas despesas de captação, na medida em que o banco se viu obrigado a depender menos dos recursos da poupança.
O índice de inadimplência da Caixa encerrou dezembro em 3,55%, com alta de 1 ponto percentual em relação ao fim de 2014 e de 0,2 ponto na comparação com setembro. “O resultado ficou em linha com o previsto, refletindo as condições econômicas”, afirmou a presidente do banco, Miriam Belchior, em entrevista coletiva.
O banco vendeu R$ 13 bilhões em carteiras de créditos vencidos e deve manter essa política neste ano, segundo o vice-presidente de riscos da Caixa, Roberto Derzé Sant’Anna. Questionado se a cessão de carteiras ajudou a reduzir os índices de inadimplência do banco, ele afirmou que o impacto foi baixo, porque a maior parte dos créditos negociados já havia sido baixado para prejuízo.
Os índices de atraso na carteira de crédito do banco se manterão em níveis historicamente altos, mas a expectativa é que haja uma redução já a partir do segundo semestre deste ano, de acordo com Márcio Percival, vice-presidente de finanças da Caixa. “O pico desse movimento deve ocorrer no primeiro trimestre deste ano”, disse.
Ele atribuiu parte do aumento das provisões contra calotes no ano passado a uma despesa prudencial de R$ 2 bilhões a R$ 2,5 bilhões. Parte desse valor foi destinado a cobrir casos específicos, incluindo a Sete Brasil, fornecedora de sondas da Petrobras que está em dificuldades financeiras, segundo Percival.
O vice-presidente da Caixa evitou dar uma projeção para o comportamento das provisões neste ano, mas disse que o índice de cobertura – relação entre o saldo de PDD e os créditos vencidos há mais de 90 dias – se manterá estável em 2016. No ano passado, o indicador caiu de 173,1% para 140,5%. “O índice está adequado ao perfil mais conservador da carteira”, afirmou.
A Caixa projeta para este ano uma expansão de 7% a 11% na carteira de crédito. Se confirmado, o banco deve manter uma expansão acima da registrada pelos concorrentes. A diferença é resultado da linha de atuação do banco, que possui uma exposição maior em crédito imobiliário, diz Percival.
Até o fechamento desta edição, a Caixa não havia disponibilizado em seu site suas demonstrações financeiras completas.
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