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BB tem lucro maior e amplia renegociação de crédito

por: Afonso Bazolli
em: Cobrança
fonte: Valor Econômico
28 de fevereiro de 2016 - 14:07

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Por: Felipe Marques e Vinícius Pinheiro

O Banco do Brasil (BB) registrou lucro líquido contábil de R$ 14,4 bilhões em 2015, com crescimento de 28% sobre o ano anterior. Sem considerar o ganho obtido pelo banco na associação com a Cielo, a Cateno, o lucro teria sido de R$ 11,6 bilhões, 2,2% maior que o de 2014. Apesar da alta no ano, os resultados no último trimestre mostraram que o maior banco do país deve ter trabalho neste ano para conter o crescimento da inadimplência, que só não foi maior em razão do forte volume de renegociações de créditos em atraso.

A preocupação de analistas é com o eventual impacto dessa piora na qualidade dos ativos nos resultados do BB. Para este ano, o banco projeta um crescimento mais fraco no crédito, entre 3% e 6%. O BB também espera um retorno sobre o patrimônio líquido ajustado de 11% a 14% e que as provisões contra calotes representem entre 3,7% e 4,1% da carteira em 2016. Para os analistas do Credit Suisse, as estimativas do banco são “excessivamente otimistas”.

No quarto trimestre, o BB registrou lucro líquido de R$ 2,648 bilhões, um recuo de 12,3% em relação ao mesmo período de 2014. A carteira de crédito ampliada do banco, que inclui avais e fianças, cresceu 1% ante setembro, encerrando o ano em R$ 814,78 bilhões. No acumulado 12 meses, a expansão foi de 6,9%.

A piora da inadimplência de operações de pessoa jurídica e do agronegócio fez com que o percentual de empréstimos com atraso acima de 90 dias do BB, excluindo o Votorantim, encerrasse o ano em 2,24%, ante 1,86% um ano antes e 2,06% em setembro. Na pessoa física, ao contrário dos demais bancos, o indicador ficou estável, no lugar de piorar. Ao mesmo tempo, foram R$ 6,015 bilhões em créditos em atraso renegociados no quarto trimestre, ante apenas R$ 1,93 bilhão no mesmo período do ano anterior. Mesmo no terceiro trimestre, o volume foi bem menor (R$ 3,783 bilhões).

Essa combinação chamou atenção de analistas. “Neste trimestre, a inadimplência e as despesas com provisão subiram, enquanto o índice de cobertura [relação entre provisões e créditos em atraso no balanço] diminuiu”, escreveu o analista Philip Finch, do UBS, em relatório.

Apesar da piora em 2015, a alta nos índices de inadimplência do BB foi menor do que no sistema financeiro como um todo, afirmou o presidente do banco, Alexandre Abreu. As despesas com provisão contra calotes, contudo, ficaram um pouco acima do inicialmente projetado pelo banco em 2015. O índice que mede a relação entre as despesas com provisão e a carteira de crédito encerrou o ano em 3,6%, enquanto a estimativa do BB variava entre 3,1% e 3,5%.

“O ciclo no momento se mostra adverso, mas temos certeza que em algum momento vai refluir, por isso é importante estar preparado para quando isso acontecer”, afirmou Abreu, em entrevista coletiva para comentar os resultados. O avanço no índice de atraso nos pagamentos se concentrou em empresas, sem um setor especifico, mas principalmente em companhias de pequeno e médio porte, segundo Abreu.

Questionado sobre o aumento dos créditos renegociados pelo banco, que ajudaram a conter os índices de inadimplência, o vice-presidente de controle de riscos do BB, Walter Malieni, afirmou que o processo é resultado do atual momento econômico. “Não faz sentido que a empresa ou pessoa física entre em inadimplência porque o banco não foi flexível”, disse.

Os índices de atraso na carteira renegociada têm ficado estáveis, e o método que o banco adota é conservador, segundo Malieni. “O BB tem um nível de perda menor que o dos pares, o que mostra consistência nas renegociações”, afirmou. No quarto trimestre, o banco recebeu R$ 1 bilhão na carteira de renegociação, segundo José Mauricio Coelho, vice-presidente de relações com investidores do BB. “Esse é um sinal de que os clientes estão pagando e o fluxo renegociado está retornando ao banco”, disse.

Com relação ao crescimento da carteira de crédito, o presidente do BB vê hoje um problema maior de demanda do que oferta. Os recursos recebidos no fim do ano passado com a quitação das chamadas “pedaladas fiscais” pelo governo são pouco representativos para a liquidez da instituição, segundo Abreu. “Não existe falta de recursos para empréstimos, sobretudo com taxas de mercado”, disse.

Quanto aos índices de capitalização, o BB reafirmou o compromisso de chegar a um indicador de capital principal em 9,5% até 2019, conforme exigido nas normas internacionais. Abreu, contudo, não detalhou a estratégia que usará para atingir o objetivo nem falou se o banco pretende vender ativos para reforçar o patrimônio. O banco já anunciou que pretende reduzir, de 40% para 25%, o percentual do lucro pago em dividendos.

O presidente do BB também descartou o interesse na compra dos negócios de varejo e consumo do Citi no país, que o banco americano colocou à venda. “Não está no nosso radar nenhuma aquisição aqui ou fora do país”, afirmou.

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