Por: Ludmila Pizarro

Com as redes sociais, os serviços de atendimento ao consumidor ficaram ultrapassados. Se por um lado isso é bom, e gera exposição para as empresas, estar presente em plataformas como o Facebook também traz riscos à imagem se alguns cuidados não forem tomados. No último domingo, a cineasta Amina Jorge, 28, percebeu que algumas empresas não fizeram o dever de casa.

“Fiz uma pesquisa sobre revestimento de azulejos e encontrei a página da Rivesti Revestimentos Ecológicos. Tinha um vídeo de divulgação que eu achei machista e comentei, dizendo que o conceito estava ultrapassado. A resposta da empresa foi muito agressiva, fiquei em choque. Tudo bem eles acharem que não é machismo, mas o discurso foi contra mim e contra o feminismo”, relata Amina.

Ela buscou apoio em um grupo de discussão sobre feminismo com cerca de 7.000 participantes. Segundo Amina, cerca de 20 pessoas foram até a página da Rivesti e também foram ofendidas. A empresa usou termos como “pitbull ensandecida” e “covarde assustado” nas respostas.

Como reação, os internautas fizeram uma campanha para avaliar a empresa com apenas uma estrela. Segundo Amina, a pontuação vai até 5; a da empresa caiu de 4,9 para 3,7. Depois, a avaliação foi retirada do Facebook e a empresa fez um comunicado dizendo que estava “sendo alvo de ataque coordenado movido pelo intenso ódio e desrespeito”. Procurada pela reportagem de O TEMPO, a Rivesti disse que não comentaria sobre o assunto.

Bom exemplo. Na mesma semana, a marca de ração Pedigree também foi provocada, mas acabou se dando bem. Um internauta mandou uma mensagem para a página da marca no Facebook com um comentário baseado em um episódio da série “Game Of Thrones”, da HBO, em que um personagem foi comido por seus cachorros. A empresa entrou na brincadeira, a resposta viralizou na rede, teve mais de 20 mil curtidas e reações, além de mais de 9.000 compartilhamentos.

“Eventualmente temos perguntas inusitadas; as respostas são construídas por uma equipe formada por marketing, regulatório e serviço de atendimento ao cliente (SAC), junto com a agência digital, considerando as crenças da marca e as especificidades do canal. Entendemos que a nossa interlocução com o consumidor é tão próxima que poderíamos responder com o mesmo tom bem-humorado da pergunta”, contou o gerente de marketing da Pedigree, Fernando Manoel.

Para o professor de comunicação da PUC Minas Enaldo Souza Lima, as empresas devem estar atentas às mudanças que estão na rede. “Não existe mais espaço para um marketing que não seja profissional e que não respeite as identidades e movimentos sociais, mesmo quando se trata de minorias”, afirma.

Movimentos devem ser respeitados

Nesta era em que as redes sociais influenciam as decisões de compra do consumidor, as empresas devem fugir do “politicamente incorreto”, comenta o professor de comunicação da PUC-Minas Enaldo Souza Lima. “Não existe mais espaço para um marketing que não respeite as diversas identidades e movimentos sociais, mesmo quando se trata de minorias”, afirma.

O professor cita o caso do festival de publicidade Cannes, que termina hoje. “Propagandas machistas ainda existem, mas elas serão combatidas”, avalia.

Uma campanha da Aspirina, elaborada pela agência de publicidade brasileira AlmapBBDO, recebeu o leão de bronze na categoria Outdoor, mas gerou protesto nas redes sociais. No anúncio o texto “Calma, amor, não estou filmando isso.mov” foi criticado por tratar a filmagem e a divulgação de vídeos íntimos apenas como uma dor de cabeça. A agência pediu, então, a retirada da peça e a devolução do prêmio.

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