Os pagamentos digitais tiveram um salto em todo o mundo com a pandemia da Covid-19 e devem crescer ainda mais nos próximos quatro anos. De acordo com a edição de 2021 da pesquisa World PaymentsReport, da Capgemini, 45% dos consumidores no mundo todo utilizam carteiras digitais para fazer pagamentos, ante 23% do ano anterior. Instrumentos novos, que vão da biometria às criptomoedas, devem sustentar o crescimento futuro.
Crescimento anual de 18,6% até 2025
A Capgemini estima que entre 2020 e 2025, os chamados pagamentos sem moeda, que incluem transferências eletrônicas bancárias, devem crescer 18,6% ao ano em termos compostos. Na América Latina, a alta deve ser de 14,1%. O impulso virá de novas tecnologias, com a adoção dos pagamentos digitais em especial na Ásia-Pacífico, que deve crescer 27,9% ao ano e representar mais da metade das transações globais sem dinheiro no fim do período.
Ao todo, a empresa projeta que pagamentos instantâneos ou digitais responderão por 25% das transações sem moeda física em todo o mundo em 2025. Em 2020, chegaram a 14,5% do total.
Comodidade
Mais que as compras pela internet, a palavra de ordem é comodidade. “Ter uma experiência em que o serviço financeiro, que é o pagamento, é quase invisível, é o grande vetor para que as empresas criem soluções”, diz Fábio Cossini, líder de soluções para bancos da Capgemini Brasil.
Segundo ele, para as empresas, os pagamentos digitais têm a vantagem de reduzir custos ao permitir que as companhias abram mão das estruturas necessárias para processar pagamentos. Além, claro, de obter o dinheiro em caixa muito mais rápido. “Quando você fala em pagamento instantâneo, fala de fluxo de caixa.”
A pesquisa da Capgemini, que não tem dados segregados por país, aponta que as transações globais sem moeda entre empresas chegarão a 200 bilhões ao ano em 2025, ante 121,5 bilhões em 2020.
O levantamento da Capgemini inclui resultados de duas pesquisas. Uma com 6.300 consumidores em todo o mundo e outra com mais de 210 executivos do setor de pagamentos.
Desmaterialização das maquininhas
O novo cenário, chamado pela pesquisa de Payments 4.X, exigirá uma nova capacidade por parte das empresas que processam pagamentos, como as adquirentes ou mesmo os bancos. Segundo a pesquisa, 55% dos executivos entrevistados afirmaram que suas prioridades de investimento em tecnologia são modernizar a infraestrutura de pagamentos, o que inclui a implementação de sistemas em tempo real ou a migração para a nuvem.
Cossini, da Capgemini Brasil, afirma que transações hoje feitas com dinheiro migrarão para os pagamentos digitais, o que demandará uma estrutura de processamento mais robusta. “Isso vai exigir das empresas uma capacidade maior de processamento, o backend (espécie de “bastidor” de uma aplicação) vai ser maior”, diz. Uma saída, segundo o executivo, é justamente a migração para a nuvem.
Ele diz que as empresas de pagamento não desaparecerão, mas que seus pontos de contato com o público serão transformados. “As maquininhas físicas deixam de existir uma hora ou outra, mas a tecnologia por trás das maquininhas, como a segurança, a rede de comunicação, isso permanece”, comenta.
No levantamento, 52% dos executivos do setor afirmaram que pretendem investir em terceiros em busca de inovação, enquanto 45% pretendem migrar para sistemas baseados nos chamadsAPIs, protocolos que permitem a integração entre sistemas. Seriam medidas para tornar o sistema mais integrado, flexível e, principalmente, mais eficiente para empresas e clientes.
Olho na regulação
Um dos pontos destacados pela pesquisa é a iniciativa de bancos centrais ao redor do mundo — entre eles o brasileiro — de criar moedas digitais próprias, em reação às criptomoedas não reguladas, como o bitcoin. Entretanto, a pesquisa conclui que o estágio desse desenvolvimento ainda é primário. “É muito cedo para contar com as nascentes moedas digitais dos bancos centrais como uma alternativa a criptomoedas não reguladas ou como um caminho adicional para a inclusão financeira”, diz o relatório.
A Capgemini destaca que a estreia de uma futura moeda digital do BC brasileiro foi colocada em compasso de espera por dois anos. Ainda assim, o Brasil entra em um grupo de países que planejam lançar uma criptomoeda “oficial”, acompanhado por Austrália, Canadá, Índia e União Europeia.
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