Page Talent analisa os argumentos que devem ser evitados por candidatos a programas de estágio e trainee de todo o Brasil
É possível um jovem ser ao mesmo tempo perfeccionista, super proativo, amar trabalhar em equipe e gostar de qualquer tarefa no trabalho? “Possível é, porém, como seres humanos, sabemos que é natural a ansiedade dos jovens ao tentar responder tudo de modo impecável em processos seletivos. A preocupação deles é saudável, mas o problema começa quando as suas respostas perdem conexão com a realidade objetiva. E isso não apenas dos fatos, mas da própria vida dos candidatos. Exageros nos relatos de virtudes e possíveis pontos de aprendizado, clichês de comportamento e falta de transparência podem eliminar até mesmo um talento em potencial. As empresas buscam habilidades, mas cada vez mais apostam no perfil humano, no potencial de crescimento dos jovens, e por isso não é aceitável tentar enrolar os recrutadores com argumentos que claramente não são verdadeiros, inclusive, pelo horizonte de crescimento normal de qualquer jovem. Definitivamente não existem respostas mágicas e fórmulas prontas para conseguir o primeiro emprego”, afirma Juliana França, coordenadora de projetos da Page Talent, consultoria especializada no recrutamento de estagiários e trainees, unidade de negócios da Page Personnel e parte do PageGroup.
Confira análise da consultora Juliana França sobre as respostas vazias mais comuns em processos seletivos no Brasil e como os jovens devem fugir desse padrão:
1 – Meu maior defeito é ser (muito) perfeccionista
“É possível que todas as pessoas já tenham pensado nessa resposta alguma vez na vida, mas sabemos que esse jamais será o maior defeito – ou melhor – ponto de aprendizado de uma pessoa. A própria ideia de relatar um defeito está perdendo relevância. As grandes companhias querem saber o nível de informação, cultura, engajamento, senso crítico e potencial de liderança dos jovens. Perfeccionismo é algo muito distante dos primeiros anos de vida profissional. Ao ser perguntado sobre as suas dificuldades, o jovem deve responder de modo claro e verdadeiro e explicar o porquê de cada aspecto. É fundamental demonstrar autoconhecimento e vocação para reflexão e aprendizado”, comenta a especialista em recrutamento de jovens da Page Talent.
2 – Eu sou (muito) proativo
“Isso é ótimo, mas a questão aqui é: como ilustrar essa virtude? Melhor do que apenas falar, é fundamental na verdade que o jovem saiba dar exemplos reais de seu nível de proatividade, paixão ou interesse pela área escolhida e pela empresa na qual está sendo avaliado. É preciso demonstrar para os recrutadores o que é ser proativo na visão do jovem que evidenciou essa qualidade. Proatividade é uma qualidade muito aberta. Proativo especificamente em que? Falar com pessoas? Estudar sistemas? Analisar dados? Convencer colegas? É preciso ir além da obviedade contida no termo”, explica Juliana França.
3 – Eu não sei…
“O jovem não precisa ter medo de pedir um tempo para pensar. Uma entrevista de emprego não é game de YouTube ou programa de televisão. É importante se empenhar em compreender as perguntas e elaborar minimamente as respostas. Falar simplesmente eu não sei é péssimo. Por mais que haja nervosismo envolvido, não é saudável ser tão breve, e demonstrar incapacidade de improvisar ou de simplesmente olhar a pergunta por outro aspecto. Tentar é muito melhor do que desistir. Grandes empresas não fazem pegadinhas e perguntas sem propósito, pois investem dinheiro e tempo para criar avaliações consistentes sobre os futuros contratados. Portanto, é fundamental que o jovem compreenda o valor de sua presença naquele momento”, diz a coordenadora de projetos da Page Talent.
4 – Sou muito ansioso
“A gente brinca que no mundo de hoje, anormal seria se alguém dissesse não ter nenhum grau ou experiência de ansiedade. Isso é óbvio. Porém, é chato quando o recrutador tenta compreender algum ponto de melhoria do jovem candidato e ele se limita a dizer que é ansioso. Não é legal. O correto é explicar o que lhe causa ansiedade: relatório, falar ao telefone, se apresentar em público, enfim, é preciso de generosidade para se apresentar de modo mais completo e profissional. Todos nós somos ansiosos, o mais importante é trabalharmos os motivos”, confirma a coordenadora de projetos.
5 – Não tive tempo de olhar
“Essa é uma resposta banal e indesculpável. É claro, o jovem candidato não precisa passar a noite em claro em um processo seletivo para decorar dados etc. Não, não é o ponto. Porém, simplesmente dizer que não teve tempo de buscar alguma informação, é realmente indesejado. É importante se dedicar a compreender a empresa e o setor para o qual irá trabalhar. Não há problema algum em dizer que buscou algo, mas não conseguiu encontrar, é até uma oportunidade para tirar dúvida. O duro é demonstrar pouca disposição, tédio ou o pior de todos, falta de cultura geral sobre o tema em questão”, finaliza Juliana França.
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