Ministro Ayres Britto admite usar a meditação como arma para encarar a pressão do julgamento do mensalão; confira vantagens desta prática milenar para a sua carreira
Por: Camila Pati
Para suportar a pressão e a pesada carga de trabalho em tempos de julgamento do mensalão, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ayres Britto, recorre a um aliado milenar: a meditação. Para ele, 30 minutos de prática ao dia bastam para ajudá-lo a presidir o maior julgamento da história do Brasil.
Embora a associação a crenças orientais seja comum, meditar não tem nada a ver com religião. “Seja qual for a crença, qualquer um pode fazer”, diz a instrutora de meditação, palestrante e escritora Sandra Rosenfeld.
A prática da meditação, existente há milhares de anos, é democrática: todo mundo que quiser pode se aventurar. “Há muito tempo a meditação deixou o campo do esoterismo, sendo hoje utilizada em vários tratamentos de saúde balizados por pesquisas científicas”, explica Sandra.
Ela define a meditação como a arte de aquietar a mente. “É como se fosse um guia que nos leva ao autoconhecimento por meio do contato com nós mesmos, ao mesmo tempo em que relaxa, aquieta a mente e nos mantem no presente, que é onde de fato podemos interagir”, diz Sandra.
Os benefícios experimentados pelos praticantes extrapolam o campo pessoal e são percebidos também em suas carreiras, como no caso do presidente do STF, garante Sandra, que também é coach. Confira o que você também pode ganhar ao aderir à prática:
Concentração e atenção
“A meditação traz o praticante para o tempo presente”, diz Sandra. Com isso, pensamentos focados no passado ou no futuro se dispersam e, com eles, vão também emoções indesejáveis. “O passado quando é bom provoca nostalgia, quando é ruim, tristeza. Pensar no futuro é angustiante, pois se trata de uma incógnita”, explica Sandra.
De acordo com ela, eliminar a interferência desses pensamentos e emoções é como tirar um véu do rosto. “As pessoas começam a ver as coisas como elas realmente são”, diz Sandra. A consequência disso é que sobra mais atenção para o que realmente existe: “o aqui e o agora”.
Meditar exige um método de concentração. “Pode ser contagem, contemplação ou ainda a fixação em um mantra”, explica Sandra. Além disso, o praticante precisar estar bastante atento à postura e à respiração.
Mesmo depois de concluir a prática, o aluno carrega consigo estas habilidades. E profissionais que não se perdem em pensamentos e conseguem manter atenção total ao trabalho são muito mais produtivos.
Criatividade
Boas ideias costumam desaparecer quando estamos nervosos, angustiados e com o coração querendo “sair” pela boca. Sensações desta ordem simplesmente bloqueiam a mente para a criatividade.
“Meditar aumenta a tranquilidade porque os batimentos cardíacos diminuem e a pessoa entra em um estado de relaxamento”, diz Sandra. A calma e a serenidade de estar no momento presente, diz Sandra, são fundamentais para quem está em busca de novas ideias.
Observação
Meditar é observar você mesmo. A respiração e a postura devem ser cuidadosamente notadas durante a prática. Enquanto isso, o desfile de pensamentos entra em cena. A dica, diz Sandra, é não combatê-los. “Deixe-os passar”, recomenda.
Sem julgamentos, sem juízo de juízo de valor, eles desfilam enquanto você os observa sem se envolver com eles. “Por isso, o praticante de meditação se torna mais observador”, diz Sandra. Saber observar antes de agir é uma habilidade que deve ser desenvolvida por quem busca sucesso na carreira profissional.
Menos estresse
Quem já experimentou sabe: acalmar a mente é condição básica para conseguir avançar na prática de meditação. O resultado é a sensação de relaxamento. “Nesse momento o stress diminui”, explica Sandra.
“Pesquisas científicas também indicam que a prática libera endorfina e serotonina”, diz Sandra. O último destes dois hormônios é responsável pela sensação de prazer no organismo enquanto o primeiro é um poderoso analgésico natural que também causa bem-estar.
Sentindo-se melhor e livre do estresse, a tendência é ficar menos doente, lembra Sandra. “Muitas doenças são efeitos colaterais de uma vida estressada”, diz a instrutora. Pessoas que ficam menos doentes faltam menos ao trabalho.
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