Por: Thais Herédia
Como sempre acontece todos os anos, a expectativa pela chegada do 13o salário movimenta o mercado de pesquisas e de projeções. Há anos que a conclusão é muito parecida – a maioria daqueles que recebem o abono de final de ano escolhe pagar dívidas com o dinheiro extra.
Uma pesquisa feita pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) revelou que este ano, 61% dos entrevistados vão fazer exatamente isso. Quem fica à espera de alguma mudança nesse comportamento é o comércio.
Na opinião do professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), William Eid, as pesquisas e os números recorrentes sobre a aplicação do 13o não precisam gerar muita preocupação.
“Esse resultado é uma tendência de anos: quitar as dívidas, principalmente as atrasadas. Isso não significa que não vão consumir. Tem um grupo de inadimplentes que aplica todo o extra para conseguir limpar o nome. Outra parte, que aumentou o endividamento no cheque especial e cartão de crédito, por exemplo, vai pagar uma parte para diminuir a rolagem da dívida”, diz o Prof. Eid.
Desde que realizou que o PIB brasileiro estava indo ladeira abaixo, o governo passou a adotar medidas que incentivassem o consumo. E é ele quem vem sustentando boa parte da atividade econômica há quase dois anos e será grande responsável pela recuperação do PIB nesses últimos meses de 2012.
Escolher o consumo como âncora da economia não é sustentável por muito tempo. A inflação é o efeito mais perverso dessa dinâmica, haja vista o que aconteceu com ela em 2011, que fechou em 6,5%. Para tentar equilibrar melhor a balança entre a demanda e a oferta da economia, o governo também agiu para diminuir os custos de produção do país. Os efeitos deverão ser mais fortes no ano que vem, quando a maioria das medidas passa a valer, como a redução das tarifas de energia elétrica.
O ambiente para o consumo continua bastante favorecido. Nós ainda temos uma inflação num patamar indesejado; o endividamento dos brasileiros cresceu bastante nos últimos anos; os bancos diminuíram a concessão de crédito. Mas, na outra ponta, temos juros bem mais baixos, emprego em alta e bons salários.
“O consumo continuará sendo a âncora da economia. Se ele não sustenta, pelo menos contém a queda do PIB. Os brasileiros vão às compras nesse Natal. As pessoas estão empregadas, ganhando bem. Usar o 13o para pagar as dívidas é simplesmente limpar a área para poder consumir mais, renovando linhas de crédito”, afirma William Eid.
As expectativas do comércio para o desempenho desse Natal variam entre os estados brasileiros. Não será nada muito surpreendente, mas espera-se que seja bem melhor que 2011. Segundo a Serasa Expirian, o setor cresceu 8,7% no ano passado, contra 10,3% de 2010.
Em dezembro do ano passado estávamos no momento mais negativo para o crescimento da economia. Esse ano, o movimento é contrário – de recuperação. A torcida agora é para que as “lembrancinhas” fiquem no final da lista de presentes.
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