Imediatismo, tendência a agir em função do que oferece vantagem imediata, sem considerar as consequências futuras. Mediante a este conceito simples e tão importante, convido você leitor a uma importante reflexão sobre a sua vida financeira.
É indiscutível que a maioria dos brasileiros, desde a sua juventude, recebe pouca ou nenhuma educação financeira, o que resulta em muitos adultos endividados. A histórica carência do tema na formação financeira básica da população fez com que surgisse um gargalo no Brasil que contribuiu significativamente para o atual cenário econômico, com altas taxas para cobrir a inadimplência e parcelamentos que muitas vezes que duram décadas. Logo, observa-se a necessidade de reestruturar a inserção deste tema na sociedade, sendo através do currículo escolar ou das corporações.
Segundo uma reportagem publicada pelo portal Meu Bolso Feliz, seis em cada dez brasileiros chegam ao final do mês sem ter conseguido poupar qualquer parte de sua renda. Na era da tecnologia, onde é possível ter controle sobre tudo, isso mostra o quanto a cultura do imediatismo influencia as pessoas a consumirem mesmo sem terem condições.
Consequentemente, as instituições financeiras aproveitam-se dos cidadãos e incentivam, por meio de crédito sem consciência o analfabetismo financeiro. Já os chefes de família ficam com a função de tratar a Educação Financeira dentro de seus lares, mas como se também não foram preparados a tratar deste tema? Daí a continuidade de um ciclo vicioso que se perpetua por gerações, o que deixa claro que há uma cultura nacional de negligência ao aprendizado ligado ao dinheiro.
Mas até então falamos de Educação Financeira voltada ao consumo, ao nosso dia a dia, aos nossos sonhos de curto prazo. E quando pensamos em nós, em nossa família, como tratamos a Educação Financeira para os momentos de incertezas e para curtir nossa vida após anos produzindo para a sociedade?
Vamos apontar algumas de suas necessidades básicas quando chegar a sua tão sonhada aposentadoria. Condomínio, remédios, alimentação, vestuário, lazer, etc. Certamente todas estas despesas somadas comparadas a sua aposentadoria paga pelo INSS, atualmente com teto R$ 5.531,31; sem considerar os deflatores por idade e tempo de serviço, bem como as futuras reformas da previdência; não será suficiente para cobrir todos estes gastos básicos para subsistência. Sim, isto é uma afirmativa. Um casal acima dos 60 anos por exemplo tem um custo mensal superior a R$ 2.000,00 somente com plano de saúde nos dias atuais.
E não precisamos ir tão longe para falar de segurança financeira. Reinaldo Domingos, Presidente da DSOP Educação Financeira, meu Mestre inspirador, em todas as palestras que ministra deixa uma pergunta intrigante ao seu público: – “Se, a partir de hoje, você não recebesse mais o seu ganho mensal, por quanto tempo conseguiria manter o seu atual padrão de vida? ”
Lembremos que manter o seu atual padrão engloba não só o lazer, viagens, carros, etc., mas sim as despesas básicas de uma pessoa ou família, como alimentação, vestuário, moradia, contas de consumo, gasolina, escola/faculdade e saúde, principalmente para quem fica desempregado e sem o benefício do plano de saúde. Deste modo, cuidar melhor do seu dinheiro não é só uma questão de gestão financeira, mas sim uma questão de tranquilidade, de manter o equilíbrio emocional. Imagine por exemplo por falta de dinheiro ter que tirar o seu filho da escola, ou cancelar suas aulas de inglês, esporte e demais atividades extracurriculares? Pode ser traumático para os pais e para os filhos.
Aliado ao imediatismo, o economista José Dutra Vieira Sobrinho diz que a principal razão para o fato de o brasileiro poupar pouco diz respeito também à falta de tradição. “Até 1994, as elevadas taxas de inflação inviabilizavam qualquer tipo de planejamento; praticamente ninguém elaborava um orçamento doméstico e todo cidadão sabia que, comprando a prazo, o processo inflacionário se incumbiria de viabilizar o pagamento das prestações inicialmente elevadas”. O Plano Real seguido da estabilidade da moeda, proporcionaram acesso ao crédito, seja ele de fácil acesso como como cartões de crédito, ou os de longo prazo para compra de imóveis, e esta cultura de consumo imediato ficou enraizado na vida dos brasileiros.
A falta de hábito de fazer orçamento doméstico aliada a não cultura de poupança do país, ajuda a compreender por que os brasileiros não guardam dinheiro, segundo a planejadora financeira Lavínia Martins. Assim, ela explica que é importante criar um objetivo para economizar. “Quando você faz seu planejamento financeiro e estabelece quais sonhos quer realizar fica mais fácil mensurar o quanto será necessário poupar”, diz.
Quem tem o hábito de poupar antes de consumir consegue realizar seus sonhos de forma mais barata e organizada, considerando a ordem de prioridade para a realização de cada um dos sonhos, e construindo-os pouco a pouco, conforme o seu próprio esforço de poupança permite. “Essas pessoas são mais felizes, porque tem a cabeça ocupada com a construção de metas e saboreiam o caminho, enquanto as pessoas endividadas pagam mais caro pela realização de seus objetivos e muitas vezes não conseguem dormir ou trabalhar bem por causa da preocupação com as dívidas. Poupar para a realização dos sonhos faz bem para o bolso e para a saúde”, diz Lavínia.
Não é preciso abrir mão do consumo e deixar de fazer coisas que dão prazer. “O ideal é ter equilíbrio, usando um pouco de dinheiro para montar a reserva financeira e outro pouco para o prazer imediato. Os dois não são excludentes, eles são complementares quando a pessoa tem uma vida financeira controlada e saudável”, afirma.
A recuperação econômica e o crescimento do PIB em 2018 serão alavancados pela queda da inflação e dos juros, pela redução do desemprego, da inadimplência, o consumo das famílias ainda que em ritmo gradual, avançará e sustentará o crescimento da economia no último trimestre deste neste ano e por todo o próximo ano.
Nos dias atuais, podemos dizer que a economia do país parou de piorar. Os negócios voltando, as pessoas empreendendo, e com isso uma grande lição bate a nossa porta. Não precisamos esperar uma crise ou momento de incerteza para mudarmos os nossos hábitos, preparar o nosso futuro e evitar riscos financeiros. Nossa vida é como uma empresa, temos que buscar o equilíbrio do fluxo de caixa e ter atenção especial aos custos, sempre, dia após dia. Os valores poupados ao rever contas e hábitos de consumo, cancelar serviços ou adequar as faturas a sua real necessidade de utilização podem ser suficientes para criar a cultura de poupança, projetando a sua independência financeira e/ou manutenção do padrão de vida mesmo em momentos incertos.
Está nas nossas mãos, queridos amigos leitores. Vamos disseminar a cultura da riqueza, e educar nossos colaboradores com relação ao dinheiro.
Um Abraço,
Alexandre Gallardo
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