Por: Vinícius Pinheiro e Silvia Rosa
Em mais um sinal de que o pior momento da crise econômica ficou para trás, pelo menos para o setor financeiro, o Itaú Unibanco registrou lucro líquido recorrente de R$ 6,169 bilhões no segundo trimestre. O resultado representa uma alta de 10,7% em relação ao mesmo período do ano passado e superou a projeção média dos analistas consultados pelo Valor, que apontava para um lucro de R$ 6 bilhões.
Com o lucro em alta, a rentabilidade sobre o patrimônio líquido do banco subiu de 20,6% para 21,5%, ganho bem acima da taxa Selic, que caiu de 14,25% a 10,25% entre o segundo trimestre do ano passado e junho deste ano. Boa parte da melhora no resultado veio da redução de despesas de provisão contra a inadimplência. O resultado, que inclui também recuperações, descontos e baixas em financiamentos, recuou 29,4% em relação ao segundo trimestre do ano passado, para R$ 4,5 bilhões.
Os indicadores de inadimplência do Itaú apresentaram melhora em todas as linhas. O índice geral encerrou junho em 3,2%, queda de 0,2 ponto percentual no trimestre e de 0,4 ponto em 12 meses. A chamada inadimplência antecedente, de operações vencidas entre 15 e 90 dias, também apresentou queda. Considerando apenas as operações do banco no país, a inadimplência recuou para 3,9%, depois de alcançar o pico de 4,8% em setembro do ano passado.
O banco informou que vendeu R$ 155 milhões em créditos que estavam no balanço, mas disse que a operação não trouxe impacto material nos indicadores de inadimplência. O Itaú também cedeu R$ 10,6 bilhões em carteiras já baixadas a prejuízo para a Recovery, empresa de recuperação de créditos adquirida do BTG Pactual no fim do ano passado. A operação não teve efeito no resultado.
Depois de seis trimestres em queda, a carteira de crédito expandida do Itaú, incluindo avais e fianças e títulos, atingiu R$ 552,350 bilhões, alta de 0,4% em relação a março deste ano. Boa parte do movimento, contudo, foi consequência da variação cambial favorável no período. Em 12 meses, a queda no saldo de crédito é de 3,6%.
Entre as linhas para pessoas físicas, a única a apresentar crescimento no trimestre foi a de cartões de crédito, com alta de 0,3%. No total, o saldo da carteira de financiamentos para pessoas físicas ficou em R$ 179,4 bilhões, queda de 0,6% em relação a março. A carteira de empréstimos a empresas apresentou redução mesmo percentual, para R$ 235,2 bilhões.
O recuo nos financiamentos afetou a margem financeira do Itaú, que teve queda de 1% em relação ao segundo trimestre do ano passado, para R$ 17,385 bilhões. A margem com o mercado, que inclui as operações da tesouraria do banco, aumentou 6,7% na mesma comparação, mas caiu 13,1% em relação aos três primeiros meses do ano. Apesar do desempenho ainda fraco do crédito, sem considerar a variação cambial, o banco manteve as projeções para este ano. No Brasil, a expectativa do Itaú varia entre uma queda de 2% e uma alta de 2% no saldo de financiamentos. Para efeito de comparação, o Bradesco revisou na semana passada a estimativa para o crédito e passou a prever uma queda entre 1% e 5%.
As receitas com prestação de serviços do Itaú apresentaram desaceleração em relação a trimestres anteriores e atingiram R$ 8 bilhões, alta de 2,8% em relação ao segundo trimestre do ano passado. Para o ano, a estimativa do banco é a de que o crescimento das receitas de serviços variem entre 0,5% e 4,5%.
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