Por: Vinícius Pinheiro e Felipe Marques
Em greve desde o dia 6 de setembro e sem um acordo salarial à vista, os bancários decidiram intensificar o movimento. A paralisação, que começou nas agências, se estendeu para as sedes administrativas das principais instituições financeiras do país, incluindo as de Itaú Unibanco, Bradesco e Caixa Econômica Federal, que permaneceram fechadas ontem durante a maior parte do dia.
Segundo o sindicato dos bancários, um total de 796 locais de trabalho, sendo 16 centros administrativos e 780 agências, foram fechados ontem. O sindicato estima também a participação de 60 mil pessoas na paralisação.
Juvandia Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região (CUT), afirma que a paralisação segue uma estratégia que vai mudando conforme o tempo – a paralisação já dura 17 dias. Em dias de pagamento de benefícios, por exemplo, o foco são as agências. “Começamos a greve deste ano com foco em áreas como call center. Agora, estamos priorizando outros setores, como o administrativo”, diz.
Por ora, a estratégia não fez com que os banqueiros voltassem à mesa de negociações. Segundo Juvandia, até o fim da tarde de ontem não houve nenhum contato da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) com os grevistas.
Entre os prédios fechados ontem estão o Centro Empresarial Itaú Conceição e a Torre do Santander, em São Paulo, além da Cidade de Deus, sede do Bradesco em Osasco (SP). A paralisação atingiu cerca de 25 mil pessoas nesses edifícios, segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
Os bancários também fecharam as portas da superintendência do Banco do Brasil, em São Paulo, e da matriz da Caixa, em Brasília.
O sindicato reivindica, entre outros pontos, reajuste de 14,78%, o que representa alta real de 5%. A Fenaban, porém, ofereceu reajuste de 7% mais um abono de R$ 3,3 mil a ser pago até 10 dias após a assinatura do acordo. Procurada, a federação não comentou o assunto.
A Fenaban tem defendido que o modelo que combina um reajuste percentual inferior à inflação somado a um abono é mais adequado considerando que a inflação tende a cair no ano que vem. O argumento é que os bancários terão ganhos reais olhando 2016 e 2017. Outro argumento usado pelos banqueiros é que cerca de 75% dos funcionários conseguirão compensar a perda de poder de compra dos salários graças ao abono.
O sindicato, porém, discorda desse modelo. “Vivemos na década de 90 repetidos anos de reajustes abaixo da inflação mais abonos, que resultaram em grande perda de poder de compra”, diz Juvandia. Ela afirma que os bancos também se recusam a dar qualquer garantia de emprego aos funcionários.
O último encontro entre o sindicato e os representantes patronais ocorreu na quinta-feira da semana passada, mas não houve apresentação de novas propostas, apenas uma tentativa de aproximação, segundo um interlocutor.
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