Por: Claudia Gasparini
Para muitos jovens, a perspectiva de ocupar a cadeira do chefe é motivo de grande ansiedade.
Atração pelo poder? Não é só isso. Para Jill Geisler, autora do livro “Como se tornar um ótimo chefe” (Editora Sextante), muitos sonham com a posição porque acreditam que ela será a sua chance de melhorar o mundo.
“A geração Y cresceu conectada a mídias que sempre mostraram histórias sobre heróis e a importância de causas para a sociedade”, afirma Jill, que é professora do Poynter Institute. “São pessoas ambiciosas, mas também idealistas”.
Por isso, a pressa para chegar à liderança não é simplesmente uma “vontade de mandar”, mas também um interesse genuíno de transformar as empresas e o mundo – e o quanto antes, melhor.
Porém, esses objetivos grandiosos acabam se chocando com a realidade do trabalho. “Quando se depara com orçamentos, burocracia, e a própria natureza humana, que teme mudanças, o jovem percebe que ser chefe não é o trono mágico que ele imaginava”, explica Jill.
O que é ser chefe?
A resposta, diz a professora, passa por uma discussão bastante antiga: a distinção conceitual entre gestor e líder.
O primeiro é aquele que contrata, treina, cobra, avalia e disciplina subordinados. Sua função também é controlar orçamentos e processos para garantir a qualidade de produtos e serviços. Essa é a ideia tradicional que se faz do chefe.
O líder, por outro lado, exerce um poder mais natural e informal. “Gestores são seguidos porque foram designados pela empresa; líderes são seguidos porque foram escolhidos pela equipe”, afirma Jill. São pessoas que conquistam influência sobre as demais, sobretudo porque demonstram preocupação com o sucesso do grupo.
Chefes devem ser gestores e líderes ao mesmo tempo. “É a combinação que traz mais resultados para eles próprios e suas equipes”, diz a especialista.
O que não é ser chefe?
Muita gente sonha com o comando, mas sequer sabe o que ele pressupõe. Para a professora, a falta de consciência sobre as “dores” da chefia é o sinal mais claro de que um profissional ainda não está pronto para a função.
O erro mais comum é acreditar que a posição implica muitos privilégios. Você acha que será mais livre do que os demais para controlar o seu tempo e a sua agenda? Ou que terá licença para escolher o que vai fazer? Melhor reavaliar suas ideias, recomenda Jill.
Também se equivoca – e talvez ainda esteja despreparado para a função – quem pensa na chefia como uma questão de poder ou autoridade.
Na verdade, diz a professora, trata-se de um difícil exercício de influência sobre outras pessoas. “Seu foco jamais estará nos produtos ou serviços, mas nos recursos humanos”, afirma ela.
Outro sinal de imaturidade é acreditar que tudo dará certo se você contratar funcionários iguais a você. Segundo Jill, o sucesso advém justamente das diferenças – e depende da habilidade do chefe em explorá-las de forma produtiva.
Como se preparar para chegar lá
Ter uma visão menos ingênua do mundo da chefia é o primeiro passo no caminho para ela.
Muito pode ser aprendido pela observação atenta do dia a dia no trabalho. “Analise o comportamento das pessoas e se pergunte: ‘Que atitudes e escolhas levaram àquele resultado tão positivo?’”, aconselha Jill.
Da inteligência emocional à forma de fazer negócios, a ideia é desconstruir os bons exemplos à sua volta. “Aja como um estudante da sua profissão e do comportamento humano”, afirma.
Também vale fazer exercícios de imaginação. Se você fosse o chefe, como lidaria com as diferentes personalidades e temperamentos que existem no seu escritório? Como adaptaria sua comunicação e estilo de liderar no caso de cada funcionário?
Se for possível trazer algumas dessas reflexões para a prática, tanto melhor. “Procure se oferecer para cada vez mais responsabilidades, mesmo se as novas tarefas pareçam grandes e assustadoras”, recomenda a professora.
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